A Justiça do município paraense de Chaves (arquipélago do Marajó), distante cerca de 12 horas de barco de Macapá, determinou a exumação de uma criança de apenas 2 anos e 9 meses de idade vítima de possível negligência médica. O corpo do menino chegou por volta das 14 horas desta terça-feira, 31, em Macapá, onde será periciado pela Polícia Técnica (Politec).
Na manhã do último sábado, 28, na comunidade de Mixiana, Thalisson Henrique Barros Teles, filho de uma humilde família de pescadores, foi picado por um escorpião. Com muitas dores, a criança foi levada pelo pai até a unidade de saúde de Chaves onde havia apenas uma enfermeira de plantão.
A enfermeira ligou para o médico que deveria estar de plantão no posto informando os sintomas que a criança apresentava. O médico Carlos Serra, que também usa outro nome em Chaves, disse que não era nada sério e que por isso só examinaria a criança na manhã de domingo. “Meu filho estava com muita dor, e quando chegou lá no posto não fizeram nada por ele”, queixou-se o pai do menino, Thiago Figueiredo Teles, de 27 anos.
No domingo, por volta das 11 horas, o médico finalmente apareceu, mas o estado da criança já era muito ruim. Thalisson foi medicado, e à tarde teve uma crise. O médico ainda teria tentado pedir a remoção para Macapá em um avião, mas já era tarde demais. O menino veio a óbito por volta das 17 horas, para desespero dos pais.
Na segunda-feira, 30, Thalisson foi enterrado, mas depois que os pais foram convencidos por policiais a registrar queixa na delegacia, o caso chegou ao conhecimento de uma promotora de Justiça da cidade que fez um pedido judicial para que o corpo fosse exumado, solicitação que foi cumprida ainda na tarde de segunda-feira.
Como o instituto médico legal mais próximo fica na Politec do Amapá, o corpo da criança precisou ser trazido para Macapá de forma improvisada. Os pais precisaram encher uma cuba térmica com um pouco de gelo para que o corpo fosse conservado até a chegada para a necropsia. O laudo oficial deve ser divulgado em 30 dias e vai embasar o inquérito aberto pelo Ministério Público do Pará.
Ouça o que disse o pai da criança, Thiago Teles: