à espera de justiça: Um ano sem Raoni, o menino que queria ser doutor

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No dia 28 de abril 2014 morria assassinado o estudante universitário Raoni Almeida Ramos, de 20 anos. Uma história que comoveu o Amapá por conta da força de vontade do rapaz em querer concluir o ensino superior para garantir um futuro melhor para sua família. O caso ainda não foi julgado e segundo a família, o acusado pelo crime, Osmar Firmino Costa Normand, primo da vítima, está foragido. O advogado de Osmar, Maurício Pereira, disse que não tem conhecimento de nenhum mandado de prisão contra ele, e por isso não estaria foragido. Apenas respondendo o processo em liberdade.

A história de superação do universitário ganhou repercussão por conta do esforço diário que fazia para estudar Direito em uma faculdade particular, localizada na Rodovia Duca Serra. Todas as noites Raoni caminhava cerca de 10 quilômetros para chegar a faculdade. Um esforço que foi interrompido quando foi alvejado por um tiro de cartucheira disparado pelo primo.  Na ocasião a família do rapaz informou que o motivo teria sido uma brincadeira durante a final do campeonato carioca de 2014. Os primos que torciam por times rivais brigaram por conta do clássico entre Flamengo e Vasco.

Osmar Firmino, principal acusado do crime estaria foragido

Osmar Firmino, principal acusado do crime estaria foragido

Raoni morreu no Hospital de Emergência depois de lutar pela vida por 12 dias. “Hoje nós aguardamos pela Justiça. Ainda não fomos informados quando será o julgamento. O que sabemos é que Osmar está desaparecido e que provavelmente o julgamento deve acontecer sem a presença dele”, contou a mãe de Raoni, Maria de Nazaré Lima.

Osmar se apresentou na delegacia do Bairro Nova Esperança quatro dias antes da morte de Raoni. Como era réu primário, o advogado dele, Maurício Pereira, conseguiu com que seu cliente respondesse o crime em liberdade. Porém, depois da morte do rapaz, a família informou que nunca mais soube do paradeiro de Osmar.

“Até onde sei o meu cliente conseguiu a liberação para responder o processo em liberdade. E que não há nenhum mandado de prisão para que ele seja considerado foragido. Também desconheço que esteja desaparecido”, disse Maurício Pereira, que na época defendeu a tese de que a morte de Raoni ocorreu após o mesmo ter agredido Osmar.

O futuro que não chegou

Os relatos da família apontaram na época que depois do desentendimento Raoni foi jogar uma partida de futebol com os amigos e no retorno foi alvejado por Osmar, que o aguardava em frente a casa da família com uma cartucheira. “Lembro que ouvi o tiro e corri para ver o que tinha acontecido. Minha sobrinha que viu tudo acontecer correu na minha direção dizendo que o Raoni havia levado um tiro, e que estava me chamando”, relembrou a mãe de Raoni.

Maria de Nazaré, mãe de Raoni: a esperança de um futuro que desapareceu

Maria de Nazaré, mãe de Raoni: a esperança de um futuro que desapareceu

Raoni era um jovem pobre, morador de uma localidade rural de Macapá. Um rapaz de 20 anos que encontrou nos estudos a oportunidade de dar uma vida melhor à mãe, que é produtora rural. Porém, todo o esforço teve um fim trágico.

Em 2012, Raoni havia conseguido por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma bolsa integral para cursar Direito em uma faculdade particular, localizada 10 quilômetros da casa dele. Raoni fazia esse percurso a pé todos os dias. “Nós víamos o esforço dele para continuar os seus estudos. Dentro de sala ele era o mais esforçado e estava entre os mais inteligentes da turma. Tinha grande facilidade para gravar os códigos”, relatou na época do crime um colega de turma.

Por ser o filho mais velho, Raoni era o homem da casa e ajudava sua mãe a sustentar dois irmãos mais novos. “A rotina do meu filho era pesada, mas ele sempre estava com o sorriso no rosto. Acordava cedo para trabalhar nas fazendas das proximidades carregando carvão, enchendo carretas com areia e outros bicos que apareciam para complementar a renda familiar. Às 6 horas da tarde chegava correndo em casa para tomar banho e começar a caminhada para mais um dia de aula. Sempre me incentivando a sonhar, afirmando que a nossa vida iria mudar quando ele se formasse. Ele dizia que eu teria um filho doutor”, lembrou dona Maria de Nazaré.

Seles Nafes
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