Uma mãe conseguiu permissão para ter de volta a filha, hoje com 17 anos. A menina, portadora de uma doença que afeta o crânio, passou os últimos quinze anos morando em um abrigo, no município de Santana. A decisão foi da Justiça em concordância do Ministério Público do Estado.
Francilúcia de Jesus Parente dos Santos conta que quando se separou do marido, a guarda de Wanessa Silva, então com 2 anos, ficou para o pai. Diante do quadro especial apresentado pela menina, diagnosticada como microcefalia, o pai alegou que também não tinha condições de continuar com a menina e a entregou na Casa da Hospitalidade.
O juiz José Antônio Menezes, juntamente com representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública, decidiu pelo retorno da adolescente ao lar. A sessão que mudou a vida de mãe e filha foi uma das 32 audiências realizadas pela Vara da Infância e Juventude de Santana, no mutirão de audiências realizadas na Casa da Hospitalidade.
Durante todos esses anos, Wanessa recebeu acolhimento e o tratamento que a doença requer. A mãe diz que acompanhou tudo. Segundo Francilúcia, a determinação de levar a filha de volta pra casa foi fundamental para o desfecho do caso.
Nos seis últimos meses, a mãe passou a morar no abrigo para aprender como cuidar da filha, sobretudo a parte técnica do tratamento.
Uma das exigências que favoreceu o resultado da decisão judicial foi a reforma e as adaptações na casa. Apesar das dificuldades, conta a mãe, o amor falou mais alto.
“Conseguimos reformar e adaptar o banheiro para a melhor comodidade da Wanessa. Estou muito feliz. Depois de quinze anos minha filha está de volta ao seu lar”.
A juíza Larissa Noronha, coordenadora da ação, explicou que casos de crianças portadoras de necessidades especiais, que foram deixadas por familiares, não atraem candidatos à adoção por causa da complexidade, e o destino da maioria é permanecer para sempre no abrigo.
Nesses casos, a Justiça continua com o gerenciamento processual em vista aos cuidados que o menor abrigado deve receber.