Enchente em Ferreira Gomes: Presidente da EDP oferece R$ 6 mil por família atingida

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 A empresa EDP (Energias de Portugal) responsável pela construção da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão se posicionou na tarde desta sexta-feira, 15, sobre o valor que pretende pagar às famílias atingidas pela enchente em Ferreira Gomes a título de ajuda de custo. A diretoria da empresa diz que tem condições de adiantar R$ 6 mil para cada uma das 406 famílias cadastradas pela Defesa Civil. A reunião aconteceu na sede do Ministério Público Federal.

Para a empresa, pagar uma indenização seria admitir a culpa pelo ocorreu. “Continuamos a afirmar que não assumimos a culpa e o valor que estamos ofertando, a nosso ver, não tira nenhum direito das famílias atingidas. Esse pagamento é simplesmente um adiantamento ou um reembolso para os atingidos. Também nos reservamos o direito de posteriormente, caso seja comprovado que não somos responsáveis pelo aconteceu, buscarmos o ressarcimento desse dinheiro”, adiantou o diretor-presidente da EDP, Luiz Otávio.

Procuradores do MPF prometem responsabilizar todos os culpados

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De acordo com Luiz Otávio, a EDP está sendo apontada com a responsável por um problema que pode ser de todos. “Volto a repetir o que já falei em outras reuniões: o ótimo é inimigo do bom, e os justos podem pagar por alguns pecados que todos nós cometemos”, enfatizou o diretor, dando conta de que o valor do reembolso só será liberado depois que o levantamento total das famílias atingidas estiver concluído.

As famílias atingidas estavam representadas na reunião e não aceitam o valor anunciado pela EDP. “Essa proposta é uma vergonha. Eu perdi o meu negócio e eles querem pagar meu prejuízo com R$ 6 mil? Para eles o meu prejuízo material e psicológico custa só isso? Minha casa foi para debaixo d’água, perdi todo o meu negócio que levei anos para construir e eles vêm com uma proposta dessas. Isso é uma palhaçada”, criticou a empresária Kátia Ribeiro. Segundo ela, um levantamento feito com ajuda da Câmara de Vereadores cada família deveria receber R$ 25 mil e os comerciantes R$ 40 mil.

Kátia Ribeiro, comerciante, diz que seus prejuízos chegam a R$ 40 mil

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O Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual destacaram que a proposta é realmente mínima perto dos prejuízos que as famílias tiveram. “A população não deve se sentir pedinte, pois o que deve ser ressarcido é a vida das pessoas. É importante salientar que as pessoas não devem se sentir obrigadas a aceitar essa proposta, até que uma contraproposta seja refeita pela empresa”, afirmou o procurador da República, Felipe de Moura Palha.

O MPF e o MPE aguardam os laudos que apontem os verdadeiros culpados pela enchente. “Não podemos negar que a enchente já era uma tragédia anunciada. Tanto as empresas como os órgãos que deveriam fiscalizar a construção foram omissos em suas responsabilidades. É nessa linha que faremos as cobranças. Vamos responsabilizar todos os envolvidos nessa situação”, concluiu o procurador da República, Tiago Cunha de Almeida.

 

Seles Nafes
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