Crônica de Gesiel Oliveira: O Olhar da Empatia

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Quanto mais atividades realizamos na roda do nosso dia,  menos detalhes em nossa volta deixamos de observar. O nosso foco acaba tirando nossa atenção das pequenas coisas que enriquecem nossa vida e nosso caráter.

Em nossa sociedade capitalista, o egocentrismo toma força e a empatia. Aquela tendência para sentir o que sentiria o próximo  se estivéssemos na mesma situação que ele é um sentimento cada vez mais deixado de lado.

Hoje no corre-corre, me defrontei com uma cena que não pude deixar de registrar. Eu estava voltando do trabalho, naquele engarrafamento interminável, calor “escaldante”, e de longe vi um deficiente visual sozinho e tentando atravessar a congestionada Avenida Tancredo Neves, em frente à Escola Ruth Bezerra, no São Lázaro.

De repente, um carro parou próximo àquele senhor. O pai ficou dentro do carro esperando enquanto o seu filho, de aproximadamente 15 anos, desceu e foi ajudar aquele senhor a atravessar aquela movimentada rua.

Momento em que adolescente ajuda na travessia. Foto: Reprodução Gesiel Oliveira

Momento em que adolescente ajuda na travessia. Foto: Reprodução Gesiel Oliveira

Sabe-se lá quanto tempo ele estava esperando ali em pé, pela solidariedade e empatia de alguém que não vinha.  E ele permanecia ali,  sem poder atravessar aquela via perigosa. Aquele adolescente,  em meio à correria, conseguiu ver a dificuldade daquele senhor  e se colocou no lugar daquele deficiente visual. Interrompeu suas atividades e conseguiu enxergar o que a maioria não conseguia ver.

Só os olhos de um coração sem egoísmo e atento às  dificuldades do próximo,  conseguem enxergar esses detalhes do que acontece em nossa volta todos os dias. Aquele ato constrangeu a todos que estavam ali.

E imediatamente outros motoristas pararam para que eles pudessem passar, e outros correram em sua direção para ajudar a parar o trânsito,  de forma que um pequeno ato motivou outras pessoas a fazerem o mesmo. O adolescente ajudou aquele senhor enquanto ciclistas,  moto taxistas,  pedestres e motoristas aplaudiam aquela cena.

O adolescente o ajudou a atravessar as duas faixas da rodovia e só então voltou para o carro com o seu pai, que ficou o aguardando no acostamento. Detalhes que acontecem despercebidamente em nossa volta, pequenos atos que “passam batidos” no nosso dia-a-dia, mas que fazem uma diferença enorme quando  nos dispomos a ajudar.

Uma lição de vida, especialmente para quem assistiu aquela cena, porque a solidariedade e a fraternidade contagiam facilmente e nos impulsionam a passar em frente atos benevolentes e de tamanha significância como esse.

E não há como fugir da pergunta: “por que eu não me dispus a ajudá-lo primeiro?”. Aquele garoto sem falar nada, deixou uma linda lição de bondade a todos ali.

Seles Nafes
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