Quanto mais atividades realizamos na roda do nosso dia, menos detalhes em nossa volta deixamos de observar. O nosso foco acaba tirando nossa atenção das pequenas coisas que enriquecem nossa vida e nosso caráter.
Em nossa sociedade capitalista, o egocentrismo toma força e a empatia. Aquela tendência para sentir o que sentiria o próximo se estivéssemos na mesma situação que ele é um sentimento cada vez mais deixado de lado.
Hoje no corre-corre, me defrontei com uma cena que não pude deixar de registrar. Eu estava voltando do trabalho, naquele engarrafamento interminável, calor “escaldante”, e de longe vi um deficiente visual sozinho e tentando atravessar a congestionada Avenida Tancredo Neves, em frente à Escola Ruth Bezerra, no São Lázaro.
De repente, um carro parou próximo àquele senhor. O pai ficou dentro do carro esperando enquanto o seu filho, de aproximadamente 15 anos, desceu e foi ajudar aquele senhor a atravessar aquela movimentada rua.
Sabe-se lá quanto tempo ele estava esperando ali em pé, pela solidariedade e empatia de alguém que não vinha. E ele permanecia ali, sem poder atravessar aquela via perigosa. Aquele adolescente, em meio à correria, conseguiu ver a dificuldade daquele senhor e se colocou no lugar daquele deficiente visual. Interrompeu suas atividades e conseguiu enxergar o que a maioria não conseguia ver.
Só os olhos de um coração sem egoísmo e atento às dificuldades do próximo, conseguem enxergar esses detalhes do que acontece em nossa volta todos os dias. Aquele ato constrangeu a todos que estavam ali.
E imediatamente outros motoristas pararam para que eles pudessem passar, e outros correram em sua direção para ajudar a parar o trânsito, de forma que um pequeno ato motivou outras pessoas a fazerem o mesmo. O adolescente ajudou aquele senhor enquanto ciclistas, moto taxistas, pedestres e motoristas aplaudiam aquela cena.
O adolescente o ajudou a atravessar as duas faixas da rodovia e só então voltou para o carro com o seu pai, que ficou o aguardando no acostamento. Detalhes que acontecem despercebidamente em nossa volta, pequenos atos que “passam batidos” no nosso dia-a-dia, mas que fazem uma diferença enorme quando nos dispomos a ajudar.
Uma lição de vida, especialmente para quem assistiu aquela cena, porque a solidariedade e a fraternidade contagiam facilmente e nos impulsionam a passar em frente atos benevolentes e de tamanha significância como esse.
E não há como fugir da pergunta: “por que eu não me dispus a ajudá-lo primeiro?”. Aquele garoto sem falar nada, deixou uma linda lição de bondade a todos ali.