Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens ao funcionário público e carnavalesco Francisco das Chagas Pereira Ferreira, de 49 anos, na manhã desta terça-feira, 2, durante velório na sede do Ministério Público do Amapá. O corpo foi trasladado para Fortaleza (CE) a pedido da família no início da tarde.
Chagas, como era mais conhecido, trabalhava há 20 anos como servidor administrativo do MPE sempre pela manhã. Ele também era fisioterapeuta concurso do Estado.
A marca registrada de Chagas era a simpatia contagiante.
“Ele só pedia algo quando realmente não conseguia fazer sozinho. Geralmente ele fazia acontecer quando estava decidido. Mobilizava todo mundo para quadra da Maracatu da Favela (sua escola do coração) para sambar”, disse uma amiga que preferiu não ser identificada.
Chagas era carnavalesco da Maracatu desde 2013, quando conheceu o amigo Sandro Macapá, outro carnavalesco da agremiação. Chagas iniciou como folião e no ano passado aceitou o convite para ascender dentro da escola.
Ele e Sandro eram inseparáveis. Se encontravam quase todas as noites, e, entre um papo e outro, idealizavam fantasias que sonhavam ver na avenida do samba. E foi assim que aconteceu na noite do dia 30 de maio.
“Quando foi no domingo, fui na casa dele e percebi que, além dele não estar lá, havia alguns objetos que não estavam na casa. Na segunda, descobrimos que ele havia sumido e logo depois que estava morto. É uma perda irreparável e sem fim”, disse Sandro emocionado.
O sentimento de perda é compartilhado pela amiga e chefe de pessoal do Hospital das Clinicas Alberto Lima (Hcal), Osmarina Batista. Ela conheceu Chagas em 1994, quando ele passou no concurso público e se tornou fisioterapeuta do Estado.
Foram quase 21 anos de amizade, brincadeiras, festas, conselhos e piadas. Segundo Osmarina, a vocação de Chagas era fazer todos sorrirem.
“Era impossível ele chegar e ficarmos sérios. Ele era a animação personificada. Sempre com um sorrisão e uma força de vontade que nos deixava boquiaberto. Fisioterapeutas de muitos políticos e artistas, ele será lembrado pelo ser humano incrível e alto astral eletrizante”, contou a ex-chefe no hospital.
Foi assim, com muita emoção a despedida do carnavalesco. A família pediu para não fazer fotos do velório, mas agradeceu o carinho e sentimento de todos. O corpo dele foi levado ao aeroporto e encaminhado para Fortaleza ao meio-dia.
Chagas foi encontrado na segunda-feira, à beira de uma rua desabitada do conjunto Alphaville, no Distrito de Fazendinha. O modelo e Mister Amapá, Sérgio Luiz, de 21 anos, foi preso e confessou o assassinato.
A polícia descobriu que a morte ocorreu na casa do carnavalesco e o corpo foi abandonado pelo assassino em Fazendinha. Sérgio Luiz disse que usou drogas e perdeu o controle durante uma discussão com a vítima que morreu com uma “gravata”. O modelo foi transferido no fim da tarde de segunda-feira para o Iapen.
Foto de capa: Alcinea.com