Esta quarta-feira, 8 de julho, foi a data escolhida em todo o Brasil para que representantes das religiões de matrizes africanas fossem às ruas para protestar contra a intolerância religiosa. Em Macapá, o protesto aconteceu à tarde, no estacionamento do trapiche Eliezer Levi. O evento contou com a presença de representantes de religiões afro-brasileiras, grupos de capoeira, hip-hop e comunidades do Marabaixo.
O convite para o evento foi estendido para todas as religiões, mas a presença maciça foi mesmo das religiões de matrizes africanas, que são as mais atingidas pelo preconceito, segundo os organizadores.

Grupos de vários segmentos afrodescendentes se reuniram na orla da cidade. Fotos: Anderson Calandrini
“Estou aqui para protestar porque senti na pele o preconceito. Um comerciante se negou a me vender refrigerante e gelo porque eu usava minhas vestimentas típicas do candomblé”, contou Umberto Cardoso, conhecido como Pai Passarinho, em seu terreiro de umbanda.
Segundo Umberto, é preciso lutar por mais respeito, para que os frequentadores de religiões de matrizes africanas possam ter orgulho da sua escolha.
“Quero garantir que minhas filhas tenham orgulho da nossa religião, e não o medo que o preconceito pode proporcionar. Minha filha sofre com o preconceito na escola por ser uma menina que frequenta a umbanda. Isso me deixa muito triste, principalmente, em um país cuja Constituição garante o direito religioso a todos”, acrescentou.
Para os manifestantes, o preconceito se mistura ao racismo, que ainda é muito forte no Brasil. “Queremos dizer um não a intolerância religiosa que atinge muitas pessoas em todo o Brasil. Queremos que os racistas sejam punidos criminalmente. Só assim, os frequentados de religiões afro-brasileiras vão poder caminhar pelas ruas e manifestar sua religião, sem que sejam intimidados ou ridicularizados”, argumentou o designer, Wily Miranda.