As invasões em Macapá acabaram ficando comuns nos últimos anos. Nem as áreas de proteção ambiental escapam. Hoje, além da invasão de uma área na Rodovia Norte Sul, há também outra invasão em andamento ao lado do Bairro Morada das Palmeiras, Zona Norte de Macapá. Dessa vez a situação é mais preocupante por se tratar de uma Área de Proteção Permanente (APP). Na manhã desta terça-feira, 27, a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) esteve no local e constatou aterramento, poluição e especulação imobiliária.
A APP possui pouco mais de 2 mil quilômetros quadrados começando às margens da BR-156 sendo circulada pelos bairros Morada das Palmeiras, Açaí e Pantanal. Ao todo, cinco casas foram encontradas dentro da área, duas com os terrenos aterrados. Um aterro é, inclusive, usado como horta. O morador afirma que já vive há 6 meses no lugar e não tem onde morar.
“Eu trabalhava numa empresa de construção, mas fui demitido e despejado da casa onde eu morava por conta de aluguel atrasado. Não tinha pra onde ir e acabei vindo morar aqui. Hoje tiro meu sustento da horta e sobrevivo assim. Não quero vender esse pedaço, quero morar”, afirmou o morador ao ser indagado pelo delegado.
Durante a fiscalização, foi encontrada uma casa à venda e o morador foi levado ao Ciosp para prestar esclarecimentos. Outro terreno na mesma região, pertencente ao ex-vereador Zeca Diabo, também está sendo invadido.
“Eles só vêm no fim da tarde e início da noite. Já derrubaram umas árvores e uma parte do muro. Ontem cavaram uns buracos e colocaram as pilastras de concreto. Outro dia eles estavam medindo o terreno. Agora eu vou ficar aqui para guardar minha terra”, afirmou Zeca Diabo.
De acordo dados do IBGE, hoje mais de 120 mil pessoas vivem em área de ressaca sem o mínimo de saneamento básico no Amapá. Para o titular da Dema, delegado Sávio Pinto, esse número é resultado da irresponsabilidade administrativa dos órgãos ambientais, mas também existe uma rede de especulação imobiliária.
“Existem pessoas que de fato precisam, mas muitas têm interesses escusos. Acontece que os órgãos ambientais precisam se unir para inibir isso. Nós vamos indiciar os responsáveis e monitorar essas pessoas que ficam pulando de terreno em terreno. Já ouvimos nomes aqui que fazem parte de outra invasão”, enfatizou o delegado.
A grande preocupação é que a área sofra danos maiores com poluição e aterramento. Um relatório sobre o caso será encaminhado ao Ministério Público.