Compra de votos: Voto da relatora é pela cassação do mandato de Mira Rocha

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SELES NAFES –

A desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE) Stella Ramos, relatora do processo que apura suposta compra de votos nas eleições do ano passado contra o deputado federal Marcos Reátegui (PSC) e a deputada estadual Mira Rocha (PTB), emitiu parecer pela improcedência da impugnação contra Reátegui, mas foi favorável à cassação do mandato de Mira Rocha. O julgamento foi suspenso por volta das 22h desta quinta-feira, 26, depois que um dos seis juízes do Pleno do TRE pediu vistas.

As ações de impugnação estão sendo movidas pelo Ministério Público Eleitoral e pelo suplente da deputada Mira Rocha, Aroldo Abdon, que acompanhou a sessão no TRE. Além dele, Marcos Reátegui também estava no julgamento, assim como sua primeira suplente, Patrícia Ferraz (PSC).  

Marcos Reátegui acompanhou o julgamento: creio que entenderam a lógica que venho defendendo. Fotos: Seles Nafes

Marcos Reátegui acompanhou o julgamento: creio que entenderam a lógica que venho defendendo. Fotos: Seles Nafes

A desembargadora Stella Ramos começou a leitura do relatório por volta das 20h, logo depois da defesa oral dos advogados de acusação e de defesa dos acusados.

A denúncia é de que nas eleições de 2014 pelo menos seis pessoas foram contratadas para trabalhar no Centro de Juventude, órgão subordinado à prefeitura de Santana. Os recém-contratados, no entanto, teriam que votar e atuar nas campanhas de Mira Rocha e Marcos Reátegui sob as ordens de Robson Rocha, prefeito de Santana, e Rosemiro Rocha, pai dele.

Aroldo Abdon é suplente de Mira e poderá assumir se a cassação for confirmada

Aroldo Abdon é suplente de Mira e poderá assumir se a cassação for confirmada

Rosemiro Rocha, que também é pai de Mira e denunciado na ação, também trabalhava pela campanha de Josy Rocha à Câmara Federal, mas ela não foi incluída no processo. O esquema teria sido montado por Rosemiro e o coordenador do Centro de Juventude, Gilberto Paiva.

Durante a sustentação oral no julgamento, o advogado de acusação citou um áudio gravado por uma mulher contratada pelo Centro de Juventude. A gravação é de uma conversa dela com Rosemiro Rocha sobre o suposto esquema. O advogado defendeu a qualificação do áudio como prova citando o caso recente que terminou com a prisão do senador Delcídio do Amaral, líder do governo também apanhado numa gravação de celular.  

Patrícia Ferraz é suplente de Marcos Reátegui

Patrícia Ferraz assiste ao voto da relatora. É suplente de Marcos Reátegui

A desembargadora Stella Ramos leu todos os depoimentos das testemunhas do caso, e considerou que não havia elementos contra Marcos Reátegui, mas a situação de Mira Rocha seria bem diferente. Ela teria sido mesmo beneficiada pelo suposto esquema e o parecer foi pela cassação do mandato da deputada.

“Creio que o tribunal entendeu uma lógica que venho defendendo. O Rosemiro também estava fazendo campanha pela Josy Rocha, que era minha concorrente direta. Não tinha sentido isso tudo ter sido feito para que eu também tivesse votos”, analisou Marcos Reátegui.  

Mira Rocha foi beneficiada pelo esquema, segundo a juíza relatora

Mira Rocha foi beneficiada pelo esquema, segundo a juíza relatora. Foto: Ascom Alap

Depois da leitura do parecer de Stella Ramos, o relatório seguiu para votação do colegiado de magistrados, mas o primeiro deles pediu vistas sem entrar no mérito, o juiz federal Jocélio Neto.

Os demais magistrados poderiam ter antecipado os votos, mas preferiram aguardar o voto de Jocélio Neto que prometeu votar na sessão da próxima quarta-feira.

Seles Nafes
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