O morador do Bairro Renascer, Zona Norte de Macapá, Moisés Silva, pagou R$ 180 pelo consumo de energia elétrica no mês de outubro. Mas quando chegou a fatura para pagamento em novembro ele tomou um susto: R$ 877, sendo que ele mora com quatro pessoas e não comprou eletrodomésticos novos que pudessem justificar o aumento. O autônomo é apenas um exemplo de centenas de consumidores que estão revoltados com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) por conta dos valores até três vezes maiores do que são normalmente cobrados.
“Lá em casa só eu e a minha esposa trabalhamos. Não compramos nenhum aparelho elétrico novo e nem aumentamos o consumo, por isso não entendo esse valor absurdo. Como vamos pagar isso? No meu bairro existem dezenas de casos como o meu”, ressaltou Moisés.
Moisés e outras dezenas de consumidores vêm lotando diariamente o setor de atendimento da CEA para reclamar. Ontem à tarde um consumidor ficou revoltado ao extremo e tentou quebrar um dos computadores do órgão. Ele teve que ser retirado a força pelos vigilantes.
Segundo a CEA, o aumento absurdo em muitas faturas se deve a bandeira tarifaria que está no nível vermelho. Isso significa que são cobrados R$ 4,50 a cada 100 kw de energia consumidos.
“Nós começamos a cobrar essa tarifa em outubro, mas ela é válida desde o mês agosto. O que está acontecendo é que estamos cobrando o retroativo para não pagarmos multas ao operador do sistema. Avisamos nossos clientes sobre isso”, justificou a chefe de atendimento da CEA, Chiara do Carmo.
De acordo com a companhia, a cobrança do retroativo será apenas este mês e que a partir de dezembro os valores serão normalizados. No entanto, a mudança no sistema de faturamento da empresa fez com que em muitos casos houvesse o faturamento de mais de 30 dias de consumo. O acúmulo de dias também está sendo cobrado.
De outro lado, os consumidores buscam pelo menos negociar. “Minha conta gira em torno de R$ 180. No início do mês chegou um talão de R$ 200 e agora dia 14 chegou outro de R$ 578. Isso é um absurdo. Não tem como um trabalhador que ganha um salário mínimo pagar esse valor. Quero negociar”, disse a merendeira Vanderléia dos Anjos, de 53 anos.
Com o aumento da demanda, a CEA informou que os postos da companhia que ficam na rede Super Fácil foram reativados para atendimento aos consumidores.