ANDRÉ SILVA –
A estudante Rosana Barros, tem apenas 15 anos. Ela é aluna da escola estadual Castro Alves, que fica no Bairro Jesus de Nazaré, em Macapá, e um dos estabelecimentos de ensino mais antigos da cidade. Hoje, a escola enfrenta problemas com a criminalidade dentro da sala de aula, fato que levou os pais de Rosana a tomarem a decisão de transferi-la para outra instituição.
“Já vi colegas fumando aqui dentro da escola. Eles até chegaram a me oferecer, mas eu recusei. Temos acompanhado muitos casos de violência e uso de drogas nos corredores e até mesmo dentro da sala de aula. Meus pais pretendem me tirar daqui, porque antes não era assim, mas agora está muito perigoso”, contou Rosana.
Na tentativa de mudar esse quadro, a direção da escola resolveu agir, e está promovendo esta semana uma série de palestras com o objetivo de conscientizar os estudantes dos efeitos danosos do uso de drogas e da violência. Com o tema “Semeando a Educação” o projeto trás para o coração da instituição, órgãos que trabalham diretamente com jovens infratores, como o Centro Socioeducativo de Internação Masculina (Cesein) e o Conselho Tutelar.
A idealizadora do projeto e professora de historia, Maria Deliane, conta que a escola passa por sérios problemas com alunos que fazem uso de drogas, promovem brigas e ameaçam professores. Os pais desses alunos, segundo a professora, são chamados para ficarem cientes da situação, mas não conseguem tomar nenhuma providência. Diante desse quadro caótico foi que a professora se reuniu com a direção e a coordenação pedagógica da escola e resolveu arregaçar as mangas e fazer alguma coisa. Foi quando surgiu a ideia do ciclo de palestras.
“Essas crianças precisam ver que essa realidade não tem futuro e precisam ouvir especialistas nessa área. Mas, infelizmente os pais não aceitaram muito bem a ideia. Nós temos muita falta do acompanhamento familiar na escola. O principal eixo da educação é a família e nós vemos que os pais não participam da educação dos filhos. Eles jogam essa responsabilidade toda em cima da escola. Isso está errado”, contou a professora.
A conselheira tutelar Iolanda Silva esteve presente no evento como colaboradora. Ela disse que um evento como esse é importante para toda a sociedade.
“Ficamos muito satisfeitos com esse projeto que a escola desenvolve aqui, principalmente com o cenário presente em nossa sociedade, onde o jovem é o principal causador de violência e também o que mais sofre com ela. Todo tempo nós fazemos atendimentos a esse tipo de situação. Vemos famílias preocupadas com os filhos que fazem uso de droga até dentro da escola. É importante que o aluno participe de um evento como esse para conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), onde estão delineados seus direito e seus deveres”, arrematou a conselheira.
O ciclo de palestras, que começo na segunda-feira, 16, continua nesta quarta, com a participação da Fundação da Criança e do Adolescente (Fcria), Conselho Tutelar da Zona Norte e Secretaria de Inclusão e Mobilização Social.