A juíza SWAT

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A amapaense Elaine Cantuária, uma das mais atuantes juízas do Tribunal de Justiça do Amapá, é daquelas profissionais que faz a diferença por onde passa. Vaidosa como toda mulher (ela não quis revelar a idade), é divorciada e mãe de dois filhos. Começou cedo a vida acadêmica com apenas 16 anos, formando-se em Administração.

Num bate-papo descontraído com o site SelesNafes.Com, a juíza falou da trajetória até conquistar um espaço onde os homens são maioria e falou dos momentos que viveu no curso da SWAT, a polícia de elite americana. Elaine é única judicial SWAT do Norte do Brasil. 

Juíza Elaine Cantuária recebe certificado do curso feito na SWAT. Fotos: arquivo pessoal

Juíza Elaine Cantuária recebe certificado do curso feito na SWAT. Fotos: arquivo pessoal

Quem é Elaine Cantuária?

Uma mulher forte, que nasceu para servir ao próximo. Quero sempre o melhor para o meu povo. Não me sinto acima de ninguém, só quero contribuir para que as pessoas sejam melhores.

A senhora sempre quis ser juíza?

Não. Eu tenho dois cursos superiores. O primeiro é o de Administração, por que a  minha ideia era me formar e ajudar meu pai em seus negócios. O Direito caiu de paraquedas na minha vida. Nunca pensei em fazer esse curso. Foi uma opção que fiz depois de formada e eu acabei me apaixonando por esse mundo. Amo o que faço.

A administração ficou de lado?

Sim. Salvo a administração do meu trabalho, que é a Segunda Vara da Família. Mas tenho meus estudos acadêmicos, meu doutorado na área. Eu trago sim, um pouco do que aprendi no curso de Administração para área que atuo hoje.

Como a senhora ingressou na magistratura?

Bem. Quando a gente se forma tem muitos planos e comigo não foi diferente. Quando me formei, pensei em ajudar meu pai em seus negócios, mas acabou não dando certo. Eu era mais jovem na época, e ficar desempregada não estava nos meus planos. Nesse meio tempo, já tinha concluído o curso de Direito, foi quando fiz o concurso público para promotor de Justiça em Pernambuco, mas acabei não assumindo porque no mesmo período fiz outro para juíza e passei também. Me acho protagonista da minha terra, por isso escolhi ficar no Amapá.

Grupo que participou do curso nos Estados Unidos

Grupo que participou do curso nos Estados Unidos

A senhora participou recentemente de um curso na SWAT?

Pois é. Na verdade, a SWAT tem vários ramos. Tem, por exemplo, aqueles policiais que aparecem na televisão, que são altamente treinados. Mas a instituição também abre treinamentos para profissionais da área de Direito que convivem frente a frente com o crime, como promotores, juízes, etc. Nossa profissão é de risco por excelência. O curso foi ofertado pela Associação dos Magistrados do Brasil, através de um concurso público em novembro do ano passado, no qual eu fui aprovada. Fui a única em todo o Norte a fazer esse curso. Foi uma experiência muito gratificante. O curso nos permite ser mais cuidadosos em algumas situações do dia a dia.

Como foi o curso, o que a senhora aprendeu lá?

No curso nós praticamos defesa pessoal, tiro. Mas antes nós fomos para a sala de aula. Nas aulas de tiro, por exemplo, tivemos um estudo teórico sobre tiro, fizemos demonstração com arma de brinquedo, passamos por um simulador, e só depois é que fomos para a prática. Visitamos a Corte de Justiça Americana e vimos como funciona o sistema penitenciário de lá. O treinamento é diferente, ele te torna um ser humano diferente dos outros pela percepção que adquire.

Antes da prática, a teoria é ministrada exaustivamente

Antes da prática, a teoria é ministrada exaustivamente

A senhora já precisou fazer uso da defesa pessoal em algum caso?

Ainda não. Mas agora eu sou mais cautelosa em algumas situações, como chegar em casa, andar por aí.

Para quem quiser fazer esse curso, como faz para se inscrever?

Essa foi à única edição do curso, infelizmente até agora pelo que sei, não estão previstas novas turmas. Mas quem sabe no futuro eles oferecem novamente.

A senhora consegue dividir bem a vida de juíza com a vida pessoal?

Sim. Eu consigo administrar bem essa vida de juíza e dona de casa. Amo meus filhos e gosto de passar um tempo com eles.

Como seus colegas a tratam, sendo a senhora mulher numa área onde a maioria é formada por homens?

De igual para igual. Não somos poupadas do trabalho. Se tiver que viajar pro meio do mato grávida a gente viaja. 

 

Seles Nafes
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