“O sofrimento das pessoas é a pior parte do nosso trabalho”, diz médico

Crianças são a maioria da vítimas em acidentes domésticos
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EDSON CARDOZO – 

Uma simples brincadeira levou o pequeno Wallace Barros, de apenas 9 anos, a ser internado no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital de Emergência (HE) com queimaduras de 1º e 2º graus que atingiram principalmente a parte do tórax. Ele é uma das 320 pessoas, a maioria crianças, que foram vítimas de queimaduras em 2015 no Amapá. Apenas uma morreu, e era uma criança.

De acordo com o médico cirurgião plástico, Augusto Pupio, um dos responsáveis pelo CTQ, as crianças são as maiores vítimas de queimaduras e os acidentes acontecem dentro de casa, onde, teoricamente, elas deviam estar protegidas. Os idosos aparecem em segundo lugar nas estatísticas, mais são os casos mais graves atendidos no HE. Os adultos geralmente são vítimas de acidentes de trabalho.

O Centro de Tratamento de Queimados do HE possui hoje 8 leitos

O Centro de Tratamento de Queimados do HE possui hoje 8 leitos

O menino Wallace Barros, que mora com a família no município de Mazagão, em meio aos cuidados da enfermeira, conta que brincava junto com a irmã menor com um vidro de perfume. Ele espalhou perfume no corpo e o resto caiu no chão. Então, os dois resolveram tocar fogo no produto que estava no chão, mas o fogo acabou se espalhando e atingindo parte do corpo dele.

“Os pais devem ficar muito atentos com as brincadeiras dos filhos. Aqui aparecem crianças queimadas com brasas, lamparinas. Tudo isso é evitável, mas é preciso atenção. A prevenção ainda é o melhor remédio para evitar os acidentes dentro de casa”, ressalta Augusto Pupio, afirmando que o sofrimento de pessoas com queimaduras é a pior parte do trabalho para médicos e enfermeiros.

Médico Augusto Pupio: por favor não comprem álcool líquido

Médico Augusto Pupio: por favor não comprem álcool líquido

Em 2015, o número de vítimas que chegaram ao CTQ foi menor que o registrado em 2014, quando 400 pessoas receberam tratamento. Desse total, sete morreram. O médico Augusto Pupio lembra que a maioria das mortes ocorreu devido às explosões em barcos na orla da cidade.

“O transporte de combustível de maneira clandestina é outro problema sério que pode gerar danos irreparáveis às vidas das pessoas”, disse o médico.

Wallace conta como aconteceu o acidente quando brincava com um vidro de perfume

Wallace conta como aconteceu o acidente quando brincava com um vidro de perfume

Hoje, o CTQ conta com oito leitos, dificilmente a quantidade de vítimas ultrapassa esse número, mas quando isso acontece é feita uma adaptação para que ninguém fique sem atendimento. Pupio relata que o tratamento de queimados tem um custo muito alto, e por isso é preciso credenciar o CTQ no Ministério da Saúde para que possa receber verbas exclusivas. Mas isso é um processo longo, sendo que o primeiro passo seria transformar o HE em um hospital de alta complexidade.

“Gostaria de enfatizar que a prevenção é essencial. Peço às pessoas que evitem comprar para casa álcool líquido. Use álcool em gel ou sólido, mas nunca usem álcool líquido”, ponderou o médico.

Seles Nafes
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