CÁSSIA LIMA
Na última quarta-feira, 17, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu admitir que um réu condenado na segunda instância da Justiça comece a cumprir pena de prisão, ainda que esteja recorrendo aos tribunais superiores. A decisão afeta principalmente as causas criminais. No Amapá, o recém-fundado Conselho Gestor da Associação de Criminalistas (Abracrim) se mobiliza para que a decisão não seja aplicada pelo Tribunal de Justiça.
“Essa decisão é conflitante e viola as regras constitucionais estabelecidas no país. Talvez essa seja uma tentativa de dar uma resposta à sociedade para que as pessoas envolvidas na operação Lava-Jato sejam punidas, só que essa maneira açodada viola os princípios constitucionais”, defendeu o presidente da Abracrim, Cícero Bordalo Júnior.
O Conselho Gestor foi criado para lutar pelo respeito às prerrogativas dos advogados no Judiciário e nas polícias.
Nesse primeiro momento a prioridade é lutar contra a decisão do STF. Antes, a pessoa só começava a cumprir pena quando acabassem os recursos. E era mantida encarcerada por prisão preventiva (quando o juiz entendia que essa poderia fugir, atrapalhar investigação ou continuar cometendo crimes). Com a decisão, ela pode permanecer presa até que se esgotem todas as formas de defesa em diversos tribunais.
“Se essa decisão fosse acatada pelo Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), com certeza teríamos sérios problemas. Hoje a Defensoria atende uma demanda de 15 casos criminais diários em Macapá. Seriam pelo menos 500 pessoas que deveriam ser presas imediatamente. O Iapen não comporta isso e é inconstitucional”, destacou o defensor geral do Estado, Horácio Magalhães.
Para o procurador geral do estado, Narson Galeno, a classe está unindo forças para combater uma decisão abusiva e autoritária contra os advogados criminalistas.
“Essa associação e diálogo vai dar um respaldo para o advogado poder trabalhar de acordo com a Constituição. Com essa decisão o STF acaba legislando, o que não é competência dele. A mudança não é pela decisão e sim pelo número de recursos”, disse Galeno.