ANDRÉ SILVA
O Dia do Gari, comemorado nacionalmente em 16 de maio, foi criado para lembrar e valorizar os profissionais que cuidam da limpeza das cidades de todo Brasil. Eles trabalham em média seis horas por dia e contam que mantém o preparo físico trabalhando.
Entre tantos profissionais dedicados, um deles chama a atenção, um professor de geografia que conta ter sido aprovado em dois concursos públicos, mas que preferiu continuar sendo gari.
O amapaense José Fernandes é professor de geografia e está há mais de três anos trabalhando como gari. Ele diz que participou e passou em dois concursos públicos no Estado, mas desistiu por conta dos baixos salários.
“Passei em dois concursos públicos em 2005, um para a prefeitura de Oiapoque e outro em Calçoene, mas o salário era muito baixo. Eu tinha família aqui na cidade e o custo de vida nesses dois municípios era muito alto. Na época, eles ofereceram R$ 830 de salário, aí eu decidi voltar e ficar aqui mesmo trabalhando como gari”,conta.
Questionando se hoje está arrependido de ter tomado essa decisão, José Fernandes é categórico ao dizer que não, e que conquistou muitas coisas com a profissão de gari.
“Construí minha casa toda em alvenaria. O piso está revestido de lajota e toda forrada, isso com o meu salário de gari. Minha casa media quatro por quatro metros, aos poucos fui aumentando e hoje é maior que o dobro da primeira”, conta entusiasmado o gari/professor.
Há seis meses como gari, Renison Balieiro diz que o trabalho precisa ser mais reconhecido.
“Nosso trabalho precisa ser valorizado. Se pessoas como nós não se dispusessem a fazer esse serviço, a cidade viveria muito suja”, protesta o gari de 20 anos.
Ele conta que as pessoas os tratam com certo desprezo. “Tem gente que até nos trata bem, agora tem outras que nem olham para nós”, desabafa.
Ele manda um recado para todos os garis da cidade e para os moradores de Macapá, e parabeniza os colegas pelo dia. Veja o vídeo.
Curiosidade
O termo gari vem do nome do fundador de uma antiga empresa de coleta de lixo, Aleixo Gary. A empresa dele trabalhava com a coleta de lixo na cidade de Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro.