ANDRÉ SILVA
Juiz do município de Tartarugalzinho, distante 232 quilômetros da capital Macapá, Heraldo Costa é fascinado por objetos antigos. Nos últimos anos, ele decidiu colecionar também raridades da Segunda Guerra Mundial. As peças foram deixadas pela Força Aérea Americana na Base Aérea do Amapá, e estavam nas mãos de famílias da região e até de pessoas morando em outros estados. A coleção conta com objetos raríssimos, como a câmera fotográfica da marca Argus, de 1939.
“Quando eu adquiri o primeiro objeto me deu vontade de ter outros, que foram usados na base, e que hoje você só vê em fotos”, conta o juiz colecionador.
A primeira peça da coleção foi encontrada em uma sucataria no próprio município onde fica a base aérea. Ele fez a proposta ao dono do local, que imediatamente vendeu a peça. Trata-se de um cartucho de munição MK7, usada em navios de guerra para afundar submarinos.
“Com o mesmo tipo de bala, dois submarinos alemães foram afundados na costa do Amapá”, ressalta. Ele acredita que os destroços ainda podem ser encontrados na mesma região onde foram abatidos.
O juiz tem ao todo 12 objetos que pertenceram aos militares que estiveram na base. Entre eles, uma máquina de datilografia Remington de 1939. A coleção inclui um galão de combustível, capacete, cantil, uma marmita, uma valise, um calibrador de Blimps – dirigíveis de menor porte usados para espionar.
Tem também um microscópio com as lâminas de exames e uma câmera fotográfica da Argus, de 1939. Outro item da coleção é um kit de primeiros socorros ainda lacrado, contendo uma seringa com anestesia e uma bandagem. Moedas fazem parte dos achados, entre elas ‘bisão e o navarro’, que, segundo o juiz, são consideradas objetos de raridade entre os colecionadores. Duas das moedas possuem o rosto do presidente americano Abraham Lincon.
“Quando um objeto se aproxima de um centenário de sua fabricação, e existem poucas unidades no mundo, ele vai se tornando raro. Conforme o tempo vai passando, se torna raríssimo, e tem aqueles que o ser humano ‘normal’ não tem como comprar, pois, custam milhões e milhões de dólares”, explica Heraldo.
Ele conta que quando os americanos foram embora do estado, em junho de 1945, deixaram 4o jipes. Os veículos desapareceram. “Eu procuro nem que seja um pedaço do motor, e nada”, diz.
Além de objetos da Base Aérea, ele também tem outros, bem mais antigos, como uma chaleira que data do ano 1.800, um ferro de passar roupa, um moinho e um lampião.
O juiz colecionador acredita que existam outros objetos nas mãos de moradores da época, e espalhados pelo país. A mais recente aquisição foi a de um binóculo. Heraldo localizou o dono do objeto e fez a oferta. A peça estava em São Paulo, mas está a caminho do Amapá.
Ele espera que a coleção atinja os 20 itens, o suficiente para realizar outro desejo: uma exposição itinerante pelo estado, a começar pelo município de Amapá.
Heraldo Costa acredita ser o maior colecionador de itens da Base Aérea no estado. Quem tiver mais peças pode entrar em contato com ele pelo telefone (96) 99125-4096.