Parentes de vítimas se unem em luta contra o câncer

Familiares cobram celeridade na liberação do benefício do TFD e melhorias no programa
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CÁSSIA LIMA

Parentes do pequeno Marcelo Kaique, 2 anos, que morreu de leucemia no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, estão indignados com a lentidão do programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD). Durante cinco meses, a família da criança tentou dar entrada no benefício, mas não conseguiu. Hoje eles lutam para que outras famílias não passem dificuldades durante o tratamento.

Macelo Kaique. Foto: Arquivo/Família

Marcelo Kaique, 2 anos, morreu vítima do câncer. Foto: Arquivo/Família

De acordo com Elma Santos, de 40 anos, mãe do Kaique, toda a situação do filho foi tratada com descaso. Ela conta que os médicos do Amapá nunca detectaram que ele tinha leucemia mieloide aguda, e até a viagem para o tratamento foi desumana.

“Fiz várias consultas com os médicos aqui da Pediatria e nunca me disseram o que meu filho tinha. Quando viajamos para São Paulo, dormimos no chão do aeroporto, em Brasília. Meu filho deveria ir de UTI aérea, mas nem isso o Estado deu”, reclamou Elma.

Agenilson Pereira, pai de Carlos Daniel que morreu vítima de câncer

Agenilson Pereira, perdeu o filho Carlos Daniel vítima de câncer

De acordo com dados da ONG Carlos Daniel, Kaique foi uma das 16 crianças amapaense internadas no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, neste ano. Atualmente, mais de 50 crianças do Amapá estão fazendo tratamento naquele hospital.

Luciane Silva, tia do Kaique, disse que procurou diversas vezes a coordenação do TFD, mas nunca teve respostas, ao contrário, só ficava mais com dúvida em relação à documentação necessária, que é muito diferente da pedida em São Paulo.

Luciana Silva, tia do Kaique

Luciana Silva, tia do Kaique: “ninguém entendeu que estávamos tratando de uma vida”

“Eu chegava lá e diziam que era uma coisa, depois que era outra. Fui a São Paulo e voltei com a documentação exigida e quando cheguei aqui, disseram que não era aquilo. Corri quatro meses atrás da secretaria e nunca nem fiz o protocolo de atendimento. Ninguém entendeu lá que estávamos tratando de uma vida”, desabafou a tia.

Hoje a família está unida com a ONG Carlos Daniel para “brigar” pelo auxílio às outras famílias, que aguardam tratamento em São Paulo.

“Eu não vou brigar pelo TFD pro meu filho que morreu esperando, não adianta. Vou lutar pra que outras crianças não precisem morrer por falta de ajuda. Vi crianças pedindo uma coxinha no hospital e pai não ter dinheiro pra comprar. Só quem passou por isso sabe como doi”, disse a mãe do Kaique.

Seles Nafes
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