CÁSSIA LIMA
Aos 64 anos de idade, a aposentada Maria, como vamos identificar na matéria, sofria agressões da nora e de um dos irmãos. A violência começou quando ela passou a receber uma pensão deixada pela mãe após o falecimento.
“Minha mãe criava um menino de 12 anos. Eu e meu irmão queremos que a aposentadoria seja para o menino, mas minha nora e meu outro irmão tomaram o cartão e estão usando o dinheiro. Eu até já apanhei deles quando fui atrás”, confessou a idosa que diz sentir muito medo.
Temendo o pior, dona Maria procurou ajuda no Núcleo de Defesa e Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa da Defensoria Pública do Amapá (Defenap). Após atendimento, a aposentada foi encaminhada para a Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM).
O caso de dona Maria é um dos 1.200 registrados nesses seis primeiros meses de 2016 junto ao Núcleo, sobre crimes de violência contra idosos no Estado. O dado preocupa a justiça.
Segundo a defensora Lúcia Andrade, 90% da demanda é referente à violência doméstica, psicológica, brigas sobre aposentadoria e abandono de incapaz. Na maioria dos casos, a violência é praticada por parentes do idoso.
“Muitas pessoas não entendem que a pessoa idosa demanda de maiores cuidados devido à saúde frágil. Ela não pode se locomover sozinha, por exemplo. A gente precisa fazer valer o direito do idoso e compreender que as dificuldades são inerentes. A lei diz que ele precisa de um atendimento especial”, ressaltou a defensora.
Para a defensora Lúcia Andrade, o número é preocupante porque representa um aumento. Além disso, ela alega que os dados não refletem a totalidade das violências praticadas, porque muitos casos não chegam ao conhecimento dos órgãos de proteção e defesa do idoso.
“São casos que envolvem relações familiares complexas e muito delicadas. É importante destacar que terceiros podem denunciar essas situações para o disque 100, 190 e também para a defensoria pública”, finalizou.