VALDEÍ BALIEIRO
Pacientes do Hospital de Clínicas Alberto Lima (Hcal) que estão na fila das cirurgias ortopédicas fizeram um protesto na manhã desta quarta-feira, 8. O motivo é o de sempre, a demora. Com o apoio de parentes, eles chegaram a fechar o portão de entrada do Hcal.
As cirurgias estão suspensas porque a empresa de fornece material para os centro cirúrgicos parou a entrega por falta de pagamento.
Ivone Brito Menezes, 34 anos, disse que seu irmão está há mais de dois meses esperando por uma cirurgia no fêmur para poder voltar a sua cidade no interior do Amapá, onde os filhos esperam.
“A situação do meu irmão está muito ruim, e para piorar não somos daqui, mas por questão de logística acabamos vindo para cá. Meu irmão tem filhos e esposa, ambos ficaram sozinhos em uma ilha no interior do Pará”, contou Ivone, relatando ainda que estão passando necessidades por falta de dinheiro. Eles também não conseguem comprar os medicamentos que estão em falta no hospital.
Isaías Modesto, 18 anos, está há quatro meses esperando pela cirurgia em sua perna esquerda. Ele fraturou a tíbia, o “osso da canela” como é conhecido. Agora ele sofre outros problemas que vêm se acumulando.
“Minha cirurgia é muito complicada, preciso apenas de uma peça e o hospital só sabe dizer que não tem material, e que é para a gente comprar. Como vou comprar? Como meus pais irão comprar? Não temos condições. Estou em um hospital público, creio que é dever do Estado reverter essa situação. Nenhum de nós aqui pode esperar mais. Por conta disso, minha perna está ficando pequena, pois o osso já se colou naturalmente deixando ele mal posicionado”, relata o jovem com o rosto sofrido.
Carlos Afonso, 36 anos, fraturou o fêmur em um acidente de trânsito. Ele espera por uma cirurgia de reconstrução do osso e parte da tíbia.
“Os médicos até tentam fazer, porém, não possuem material para isso porque a empresa responsável levou os que estavam lá. Não pagaram a empresa responsável e ela levou o material”, reclamou.
A secretária adjunta de gestão em Saúde, Telma Miranda, admitiu os atrasos, mas o problema será solucionado ainda hoje.
“Temos uma empresa que presta esse serviço de fornecimento de material, mas devido ao problema orçamentário que já foi encaminhado para a Secretaria de Planejamento (Seplan) nós tivemos o remanejamento que nos possibilitará efetuar o pagamento da empresa ainda nesta quarta-feira”, afirma Telma Miranda.
A secretária disse que desconhece o fato de pacientes estarem comprando medicamentos, e pediu que eles registrem ocorrência no Núcleo de Ouvidoria de Apoio Técnico (Noat). Ela disse que vai apurar as denúncias.
Os pacientes liberaram o acesso ao Hcal por volta das 10h.