CÁSSIA LIMA
A unificação das duas varas do Tribunal do Júri de Macapá aumentou o tempo de tramitação dos processos até os julgamentos. As ações de homicídios levam até quatros anos para serem julgadas, o que antes ocorria no prazo de até dois anos. De acordo com a juíza substituta Ilana Kasbcznik, o que preocupa é o número de testemunhas que prestam falso testemunho, mentindo em depoimento, e o aumento de casos envolvendo mortes por condutas policiais.
O Tribunal do Júri julga, em média, 600 processos por ano. Atualmente, há 514 processos em tramitação, com uma pauta de audiências fechada até novembro. A grande diferença do Júri para uma vara comum é que neste caso um Júri demora até três dias, enquanto que uma vara criminal faz em média 12 audiências no mesmo período.
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Atualmente há 514 processos em tramitação no Tribunal do Júri, com pauta de audiências fechada até novembro
Os casos do Tribunal do Júri são divididos em dois momentos. A primeira fase é a de instrução, onde são avaliados se há necessidade de Júri Popular, se o crime é doloso, ou se há indícios de materialidade. Nesta parte são ouvidas as testemunhas e alegações finais.
Já a segunda parte é onde se abrem relatórios, há vista das partes e as testemunhas são ouvidas pelos jurados. Segundo a magistrada, muitos casos se estendem por anos devido os réus estarem foragidos, dificuldades de encontrar testemunhas e, principalmente, falsos depoimentos.
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Juíza Ilana Kasbcznik: “é cada vez mais corriqueiro testemunhas que omitem fatos ou mentem durante”. Fotos: Cássia Lima
“Está cada vez mais corriqueiro o número de testemunhas que mentem ou omitem fatos. É mais comum esses casos em processos de morte no Instituto de Administração Penitenciária, por exemplo, onde cada preso põe a culpa em uma pessoa diferente. Isso dificulta ainda mais nosso trabalho”, declarou.
Os casos mais comuns de julgamentos do Tribunal de Júri são de crimes passionais, mortes no Iapen e crimes sobre a atuação militar. Este último teve aumento de dois para cinco casos por mês.
“Não procuramos culpados, procuramos a verdade dos fatos. Não defendemos se há uma má conduta da polícia ou se os bandidos estão mais ousados mesmo. Como são crimes contra a vida, julgamos, apesar de o número ter aumentando no último ano”, disse a juíza.
O planejamento do Tribunal do Júri é para que os processos, audiências e julgamentos sejam feitos com celeridade e segurança jurídica para cumprir as diretrizes determinadas pela Justiça do Amapá, dar resposta à sociedade e atingir a meta traçada pelo Conselho Nacional de Justiça.