ANDRÉ SILVA
Com o sinal analógico com os dias contados, quem ainda insistir em continuar com uma televisão de tubo vai precisar comprar um conversor para ter a imagem na tela. E não é só esse o problema. No caso dos donos de oficinas de eletroeletrônicos, o desafio é decidir o que fazer com os televisores analógicos esquecidos pelos donos.
O técnico em eletrônica, Raimundo Saraiva de 52 anos, é proprietário de uma oficina de eletrônicos que fica na Avenida Mendonça Júnior, no Centro Comercial de Macapá. A oficina tem pilhas de televisores que ainda usam a tecnologia do tubo de imagem.
Segundo ele, a maioria desses aparelhos foi deixada pelos donos há meses, e não se interessaram mais em buscar a TV de volta. Agora, ele só aceita novas encomendas se os proprietários se comprometerem em retornar.
“Ou você dá um jeito de jogar fora ou vende. O problema é que ninguém quer esse lixo. Ele é um lixo altamente lucrativo, mas não existem empresas para explorar. Usamos muitas peças, mas o que acontece é que não temos mais espaço, é mais entulho do que peças que podem ser usadas”, reclama.
Ele acredita que um dia todos televisores de tecnologia inferior vão para no lixo.
“Todo esse material um dia vai representar um caos para a humanidade. Os componentes usados para a produção de algumas peças são altamente tóxicos. Se as fábricas delas se comprometessem a recolher esses aparelhos antigos já resolveria o problema do lixo”, aponta.
Pedro Eduardo, de 58 anos, também é técnico em eletrônica e já atua no mercado há mais de 30 anos. No caso dele, a oficina reutiliza as peças e as carcaças para montar televisores e vender. O técnico diz que a tecnologia usada nos aparelhos mais modernos é fraca, por isso, ainda há muitas pessoas que preferem os modelos antigos.
“Nos modelos antigos era mais difícil se fazer reposição de peças, diferente dos atuais, que o técnico tem que comprar a placa inteira o que torna a manutenção bem mais fácil e mais cara também. Mas existem aqueles que ainda preferem aquele modelo antigo, principalmente o pessoal que mora no interior. Para eles, essas televisões duram mais”, disse.
O sinal analógico será desligado em todo o Brasil até 2018, e dará lugar definitivamente ao sinal digital. O desligamento que começou este ano segue um cronograma do Ministério das Comunicações.
A mudança começou em março desse ano pela TV Rio Verde, em Goiás, e em outubro será a vez do Distrito Federal. Em 2017, será a vez de São Paulo a ter o sinal desligado.
Para quem não tem condições de desembolsar de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil ou valor maior em um televisor que tenha essa tecnologia, a opção é adquirir um conversor digital. Os preços variam entre R$ 100 e R$ 400 dependendo da marca. Esse tipo de aparelho pode ser encontrado em qualquer casa de eletrônicos.