Polícia diz que engenheiro foi morto por 3 pessoas

Polícia aguarda resultado de laudos para concluir inquérito, mas família reclama da demora
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CÁSSIA LIMA

A família do engenheiro e professor Sérgio Almeida, assassinado aos 40 anos, ainda não se conforma com o mistério que envolve a morte dele. Três meses após o crime, a polícia ainda não concluiu o inquérito.

“Pra gente ainda é um momento de muita dor. Na nossa família as pessoas morrem de doenças e na velhice. Um ato de violência desse nunca tinha ocorrido antes. O que mais nos preocupa é que não sabemos quem o matou e nem o motivo”, destacou Tadeu Almeida, irmão da vítima.

O engenheiro desapareceu no domingo, 1º de maio, depois de sair de uma festa de aniversário no Bairro Renascer na companhia de algumas pessoas com destino ao Balneário do Curiaú. Ele ficou desaparecido por quatro dias até o seu corpo ser encontrado no KM-12 da BR-210, próximo da Comunidade de Ilha Redonda, por equipes do Grupo Tático Aéreo (GTA) e do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI) da Polícia Civil, na tarde do dia 4 de maio.

O carro de Sérgio foi encontrado na manhã do dia 2, em uma área de invasão no Bairro Sol Nascente, na zona norte de Macapá. No veículo estava a camisa usada pelo engenheiro no último local em que foi visto.

“Ele não tinha desavença com ninguém, ao contrário, ele era amável, se dava com todo mundo. Não é porque ele morreu que vamos martirizá-lo, mas ele não tinha problema com ninguém. Era uma pessoa maravilhosa que só distribuía simpatia e amor”, contou Tadeu.

Sérgio era o caçula de 9 filhos. Ele morava no Bairro do Laguinho com a mãe e alguns irmãos. Tinha uma rotina bem corrida: ia de manhã para o trabalho no Instituto de Meio Ambiente do Amapá (Imap), e pela tarde dava aula na Escola Estadual Antônio Cordeiro Pontes. À noite ele lecionava em uma faculdade particular.

Corpo foi encontrado 4 dias depois do desaparecimento pelo GTA

Corpo foi encontrado 4 dias depois do desaparecimento pelo GTA

Devido à rotina, ele era extremamente organizado com o tempo, tinha inclusive um quadro no quarto com os horários e prioridades do semestre. A disciplina somada aos estudos e organização resultou na aprovação dele em primeiro lugar no concurso do Tribunal de Justiça. Antes de morrer ele aguardava ser chamado para o cargo de engenheiro.

Sérgio Almeida tinha uma tripla jornada todos os dias, e ainda ajuda pessoas pobres. Fotos: Arquivo familiar

Sérgio Almeida tinha uma tripla jornada todos os dias, e ainda ajuda pessoas pobres. Fotos: Arquivo familiar

De acordo com a investigação do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI), o laudo sobre a causa da morte de Sérgio corre em segredo de justiça no processo. A previsão é que ainda esse mês seja encaminhado para investigação. Mas a polícia já tem algumas pistas da morte do engenheiro.

“Tudo indica que ele saiu pra balada com alguns meninos e depois foram para outro local mais íntimo. Parece que a vítima tinha combinado de pagar um valor. Mas depois que terminaram, ele [Sérgio] não tinha o valor prometido de pagamento. Eles tiveram um desentendimento que acabou motivando o crime”, explicou o delegado Ubêrlandio Gomes, que apura o caso.

A investigação aponta que Sérgio foi morto, colocado ainda sangrando muito dentro do seu próprio carro e seu corpo foi jogado na BR. A polícia trabalha com a possibilidade de três suspeitos, mas ainda aguarda resultado da perícia do veículo.

O primeiro suspeito seria Gebison do Rosário Ferreira, mais conhecido como ‘Choquinho’. Ele foi morto durante uma troca de tiros com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), em junho.

“Não posso dar muitos detalhes, mas chegamos ao nome do Choquinho investigando. Ele teria ajudado no crime junto com mais dois suspeitos. Mas agora não podemos confirmar nada com ele já que ele morreu. Estamos aguardando os laudos para concluir a investigação”, disse o delegado.

Sérgio estava com viagem marcada para o México no mês do falecimento. Ele deixou uma filha de 5 anos, duas famílias que ajudava com cestas básicas mensais e uma grande surpresa para a família.

“Depois que ele morreu descobrimos que ele era um assíduo dizimista na igreja, mas sabíamos que ele nem era católico praticante. Ficamos surpresos quando o padre nos falou”, contou o irmão.

Seles Nafes
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