CÁSSIA LIMA
A possessão e o comportamento agressivo eram a marca do conturbado relacionamento entre Ilcilene dos Santos e Aldo Guedes Barbosa, segundo familiares da vítima. Eles acompanham desde o fim da manhã a apresentação do lavador de carros suspeito de assassinar a ex-companheira na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM) .
“Ele tinha um ciúme doentio dela” disse Cláudia Santos, irmã de Ilcilene, de 30 anos, encontrada morta na última terça-feira, 13. Nesta manhã o acusado do crime se apresentou na delegacia. Os parentes acompanham revoltados.
Ilcilene e Aldo Guedes Barbosa Júnior, de 33 anos, que se apresentou na Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DECCM) nesta sexta viviam juntos há 16 anos. Tinham dois filhos, uma menina de 10 anos e um rapaz de 14 anos.
“Ele sempre foi agressivo. Ultimamente ele rondava a casa dela e a da minha tia também. Todos nós tínhamos medo dele. Ela vivia amedrontada, mas ele sempre pedia desculpas e dizia que nunca mais iria acontecer de novo. Estamos sem chão”, declarou a prima da vítima, Jaciane Santos.
O relacionamento dos dois estava desgastado desde 2008 quando as agressões começaram. Ao todo foram 7 ocorrências registradas nos últimos anos, as últimas em março, junho e agosto até que a justiça decretou medida protetiva para a vítima. Desde então ela morava no Distrito do Coração.
Na terça-feira, 13, ela decidiu ir na casa que eles moravam, no Bairro Novo Horizonte, para arrumar umas coisas. Raimunda Souza dos Santos, professora e tia da vítima a acompanhou porque morava em frente a casa da sobrinha.
“Ela foi na casa e eu fiquei na minha, bem em frente do quitinete. Mas ela demorou pra voltar, ouvimos uns gritos e depois já encontramos ela morta com facadas no pescoço. Ele estava só, esperando por ela. Ele nos seguiu”, disse a professora.
A irmã da vítima, Cláudia Santos, ficou abalada com a notícia da rendição dele. Ela conta que a irmã vivia com medo e não aguentava mais tanta agressão física e psicológica. Apanhava com frequência e quando dormia com o marido era sob a mira de uma faca.
“Várias vezes ela foi em casa e nos contou do medo de morrer dormindo. Ela nos disse que ele dormia com uma faca embaixo do travesseiro e dizia que se ela o deixasse a mataria”, contou.
A delegada titular da Dccm, Clívia Valente, conta que o acusado chegou acompanhado de advogados dizendo ser o autor do homicídio. Ele estava calmo e ficou em uma sala reservada na delegacia.
“Ele é réu primário e já disse que matou ela. Vamos esperar o depoimento para a delegada Eliana, que preside o inquérito e vamos reiterar o pedido de prisão dele para o tribunal do júri”, afirmou Clívia.
Aldo será ouvido ainda pela tarde na delegacia.