CÁSSIA LIMA
É notório que no último ano houve um “boom” de corridas de rua em Macapá. Mais crescente que isso, são as próprias assessorias esportivas que realizam treinamento funcional em praças e ruas da cidade. A procura por uma qualidade de vida, saúde e um corpo sarado ainda são os principais motivos de procura.
A Federação Amapaense de Atletismo não tem um número exato, mas estima que existem em Macapá pelo menos 42 equipes, e o número só cresce. A principal demanda é para treino funcional, corrida de rua e resistência.
A equipe Qualidade de Vida que se identifica como QDV, foi uma das primeiras do estado e surgiu há três anos e cinco meses. O empresário e preparador físico Lenon Augusto conta que a ideia surgiu em Belém com um irmão, e ele decidiu trazer para Macapá, mas a proposta não foi bem aceita de início.
“No começo não foi muito legal, o primeiro mês foi de sofrimento. Eu comecei com turmas pela manhã, mas percebi que a noite era melhor. E a grande sacada foi eu perceber que as pessoas já estavam saturadas de treinos dentro da academia e queriam atividades ao ar livre”, explicou o empresário criador da QDV.
O que eram 20 alunos se transformaram em 130 alunos, com treinos na Zona Sul nos dias de terça, quinta e sexta às 6h da manhã e 8h da noite na praça da Nossa Senhora de Fátima, no Santa Rira. Há ainda os treinos na Zona Norte na segunda, quarta e sábado às 8h na Tancredo Neves.
“Hoje tenho três grupos no whatsapp. A procura é maior pro treino da manhã.O primeiro que fala bom dia incentiva a turma e o pessoal da manhã é uma turma totalmente divertida. Eles mandam fotos, áudios e fazem aquela alegria no treino”, conta Lenon.
A professora Ilde Cabral Ferreira, de 54 anos é uma das primeiras a acordar e mandar mensagem para a turma. Ela revela que já fazia academia, mas não conseguia perder peso. E entrou pra assessoria com 90 quilos e hoje pesa 72.
“Foi um trabalho diferenciado que me fez correr e melhorou meu sono e meu dia a dia. Eu sou louca por corrida e já superei meus desafios ao correr 15km”, conta ela que também trouxe o marido para correr porque ele reclamava que ela saía cedo de casa.
Lenon explica que nem todos decidem pela corrida, mas a maioria acaba tentando com o tempo. Antes de praticar exercícios cada aluno é avaliado e o desempenho nas atividades é anotados em tabela.
“Eu vejo o desempenho e faço um pacote conforme a demanda dele. Têm pessoas que sentem dores lombares e outras que tem um ótimo desempenho, com isso a gente tenta montar um treino e um preço legal”, diz o preparador que tem uma média de preço de R$ 100.
O público é diferenciado na idade e nas profissões, mas todos tem o mesmo objetivo, correr. Esse é o caso do funcionário público Albino Brito, de 38 anos, que iniciou na equipe após exames apontarem uma pré-disposição para o Diabetes.
“Eu pesava 122 kg e não gostava de academia por ser um ambiente fechado e com rotina. A principio comecei a fazer o funcional e depois comecei a correr. Eu não aguentava correr nem um km, mas hoje faço até 15 km”, comemora o funcionário que mudou completamente os hábitos da família.
Albino fala também que se viciou em esportes e levou a esposa e os filhos. Seis meses depois, o resultado é 16 quilos a menos e uma família mais saudável.
“Minha esposa e filhos treinam pela noite e em casa todos emagreceram e iniciaram bons hábitos alimentares. Agora eu to me preparando para os 21km da meia maratona do Rio. Hoje posso dizer que durmo bem e estou mais disposto por causa da corrida”, destacou o servidor.
É não é só ele que despertou para a corrida, dezenas de pessoas também. Não é a toa que 60 amapaenses viajarão para a corrida do Círio em Belém, e já estão fechando o pacote para a meia maratona do Rio de Janeiro, que ocorre em agosto de 2017.
Mercado
O setor esportivo expandiu tanto que já foram criadas no Amapá empresas para fornecer equipamentos, roupas e acessórios para o público que chega a 1.600 mil por corrida.
O empresário Jerfferson Costa é dono da empresa Peuara Ecotur Adventure, que trabalha há dois anos no setor de turismo e esporte de aventura como corridas na selva, rapel, trilhas ecológicas, entre outros. Ele conta que a demanda só aumenta.
“É um público muito grande e que consome muito o turismo e o esporte de aventura. Eu decidi entrar nesse mercado e fomentar isso dentro do estado. Apesar de nossa infraestrutura ainda ser precária, conseguimos levantar um público e criar um negócio, gerando emprego, renda e fomentado eventos com qualidade e segurança”, explicou.
Atualmente, a empresa dele é a única do estado que promove esporte com turismo e tem 6 edições de corrida na selva que é mais um diferencial para o público de corridas.
“As corridas na selva tem menos inscritos porque é uma corrida menor, e, sobretudo por uma questão de segurança. Hoje estamos nos preparando para a última do ano em dezembro e já temos um público seleto. A ideia é fomentar e valorizar o que é nosso”.
Foto destaque: Flávio Cavalcante