“Está chegando a hora de me entregar”, diz empresário procurado pela PF

Empresário Walmo Maia Cardoso está foragido há 2 anos, e decidiu falar o contrato entre a Sigma e a prefeitura de Ferreira Gomes, alvo de investigação da PF
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SELES NAFES

Procurado pela Polícia Federal por fraude num contrato de R$ 15 milhões com a Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), o empresário Walmo Raimundo Maia Cardoso, de 51 anos, dono da Sigma, resolveu quebrar o silêncio pela segunda vez, e garante:  “está chegando o momento de me entregar”.

O interesse em falar surgiu depois da nova operação da PF que fez busca e apreensão em residências de servidores e do prefeito do município de Ferreira Gomes, Elcias Borges (PMDB), na semana passada.

O município pagou R$ 2 milhões à Sigma por supostos créditos que amortizariam dívidas previdenciárias da prefeitura de Ferreira Gomes. Segundo a PF e o Ministério Público Federal, os créditos são falsos, o que gerou um prejuízo gigantesco para a pequena Ferreira Gomes.

Assim como em novembro, quando contou ao portal SELESNAFES.COM detalhes da operação milionária na Assembleia e afirmou que dois deputados eram beneficiados financeiramente, o empresário foi novamente entrevistado por uma rede social ao longo de três dias.

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Desta vez, o empresário contou como nasceu o contrato com a prefeitura de Ferreira Gomes, como foi procurado pelo mesmo lobista da prefeitura e da Alap, e como era dividida parte do dinheiro do contrato.

Além disso, voltou a falar da relação com a Assembleia e de ser pressionado por emissários de dois deputados para enviar dinheiro.

Como não apresentou provas do que disse, nomes de pessoas envolvidas serão omitidos novamente na transcrição desta nova entrevista.

SELESNAFES.COM

Como começou esse contrato com a prefeitura de Ferreira Gomes? Foi de quem a iniciativa?

Walmo Cardoso

Tudo começou com uma solicitação de serviços pelo “A.B.” e o “M”. Eles trouxeram uma carta proposta assinada pelo prefeito onde constavam os débitos do INSS e da Receita Federal. Segundo o “B”, os serviços eram necessários para que o prefeito recebesse o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), tanto que me foram entregues os backups do FGTS e estavam com os valores em desacordo. Os serviços (de compensação de créditos) foram feitos todos de uma vez e o prefeito recebeu o FPM. Não existiu licitação. Não foi assinado nenhum contrato com a prefeitura de Ferreira Gomes. Não conheço ninguém em Ferreira Gomes.

Quem é essa pessoa, o B?

(ele cita o nome completo)…é um dos intermediários dos negócios em Ferreira Gomes. Ele era o responsável pelo que aconteceu em Ferreira Gomes. Se a PF ou o MPF investigarem melhor, irão saber muitas coisas a respeito do B e do M (cita nome completo de outro lobista). O B se intitulava uma pessoa importante no Amapá, tanto na Alap quanto na prefeitura de Ferreira.

A PF trata os créditos oferecidos pela Sigma como falsos e compara com o que ocorreu na Alap. Afinal, os créditos existem ou não?

Os créditos existem, e a Receita Federal terá que emitir um parecer afirmando se são falsos, pois os auditores têm que verificar isto muito para não sofrerem um processo judicial. O que tem erro são as retificações das GFIPs (guias de recolhimento do FGTS e Previdência) da Alap e da prefeitura de Ferreira.  

Na operação com a prefeitura de Ferreira Gomes era necessário devolver dinheiro para alguém na prefeitura ou para empresa indicada?

A minha empresa ficava somente com 20% dos 80% que eram pagos. O restante era dividido pelo B, pois ele sempre confirmou que alguém da prefeitura recebia dinheiro.  

Se os créditos existem, por que a PF diz que a Receita desconhece eles? `

A Receita desconhece as GFPIs, e não os créditos, pois as guias eram enviadas pela prefeitura e pela Alap.  

O senhor vai ficar foragido até quando?

Está chegando a hora de me entregar, pois soube que têm pessoas que estão sendo chamadas para dar esclarecimento sobre o dinheiro que recebeu da minha empresa, que seria a minha parte, e estão negando.

Tenho documentos que provam que enviei dinheiro a estas pessoas e elas não cumpriram com o combinado. Me tomaram a fábrica de vidro com os bens ativos e os estoques; a loja em frente à churrascaria… (cita o nome da churrascaria)…onde tinha um estoque de R$ 1 milhão; uma fábrica de modulados que foi entregue em lugar de uma fazenda que não tinha documento, e não me devolveram o dinheiro. Os ativos que comprei para a fábrica de vidro, o imóvel, tudo isto tenho documento e os nomes das pessoas. Fui caçado por pessoas armadas porque eu não queria mais as fábricas e as lojas, e fui ameaçado…

O senhor vai ficar foragido até quando?

Estou decidindo com meu advogado…Não sou santo. Quero cumprir se devo, mas não posso pagar por outras pessoas que se beneficiaram destes serviços. O “O” (cita o nome de um empresário) veio a Belém e em frente ao Banco do Brasil da BR-316 me chamou atenção pelo motivo de não ter mandado dinheiro dos deputados, pois ele estava sendo pressionado. Estava minha esposa comigo, e um amigo dele que ele sabe quem é e vou informar posteriormente (neste trecho ele passou a falar sobre o contrato com a Alap).

Veio uma pessoa de Macapá tentar conversar comigo para que nós armássemos alguma coisa para livrar o todo poderoso e ele da cadeia. Queria que eu fosse encontrar com ele em Belém.

Nota do editor: Neste ponto a conversa foi encerrada no último dia 17. Walmo Cardoso diz que ainda dorme em lugares diferentes todas as noites, alegando que continua sendo ameaçado. 

 

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