de Santana, FERNANDO SANTOS
Donos de empresas que prestavam serviços para a Zamin Ferrous, no município de Santana, se reuniram nesta segunda-feira, 5, na porta da empresa, segundo eles, para impedir que aconteça qualquer embarque de minério de ferro.
A empresa indiana quebrou há mais de dois anos, logo depois do desabamento do porto, levando junto pelo menos 30 empresas e centenas de profissionais que nunca receberam seus direitos.
Francisco Soares de Paula Lima, proprietário da empresa Tecmo Montagem Industrial, fazia a manutenção da ferrovia e dos vagões. Tem cerca de R$ 3 milhões para receber da Zamin.

Ex-funcionários e empresários se uniram para impedir que haja embarque de minério. Fotos: Fernando Santos
“Eu fiquei bancando a Zamim durante 8 meses sem receber, pagando os profissionais que faziam a manutenção dos vagões. A Zamin vivia dizendo que o dinheiro estava preso pelo Ministério Público e que ficaria reservado para pagar multa”, lembra ele.
O empresário diz que a dívida inviabilizou suas atividades.
“Minha empresa está na ativa, mas não tenho mais como trabalhar. Quem quebrou a minha empresa foi a Justiça do Trabalho. Ainda paguei a metade dos funcionários e estou devendo mais 80 profissionais que foram para a Justiça contra mim”, acrescenta.
Outro empresário praticamente falido é Juvenal Torres Coelho, sócio da DG, empresa que atuava na logística do embarque e desembarque de minério. Crédito a receber: R$ 14 milhões.
“Mantivemos com recursos próprios mais de um ano. Eu não tenho como pagar 80 funcionários que foram para a justiça. Pagamos quase R$ 2 milhões por nossa conta”, queixa-se.
Jarinon Araújo dos Santos trabalhou no Setor de Relações com a Comunidade, da Zamin. Assim como os outros colegas, ele foi demitido, mas não recebeu salários atrasados e muito menos a indenização.
“Tivemos que pedir demissão porque todo mundo sumiu, até o pessoal do recursos humanos da empresa. Nossas maiores reivindicações são os salários atrasados. Só na justiça já tá correndo há mais de 2 anos”.
Todos se queixam da falta de interesse da classe político no assunto, especialmente da Assembleia Legislativa do Amapá e da bancada de deputados e senadores.
Enquanto advogados tentam judicialmente barrar um possível embarque de minério para a região do Caribe (informação ainda não confirmada), empresários e profissionais dizem que irão ficar na frente da empresa para impedir qualquer movimentação.