SELES NAFES
A Polícia Civil do Amapá já tem quase certeza de que entre os 56 presos assassinados no complexo penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM), estava o assaltante de bancos Andrei Chaves de Moura Costa, o “Mourão”, de 51 anos. Ele tinha mandados de prisão por pelo menos 4 roubos a banco em Macapá, mas escapou das autoridades ao protagonizar uma fuga engenhosa do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
O delegado Celso Pacheco, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP), aguarda a confirmação da morte de Mourão ainda nesta quinta-feira, 5.
“Já me passaram essa situação. A princípio ele estaria no meio de todos, mas estamos esperando a confirmação ainda hoje. A grande dificuldade é da Polícia Técnica de lá porque a maioria dos presos foi muito mutilada e decapitada”, informou o delegado.
Celso Pacheco foi o último policial amapaense a interrogar Mourão depois de sua prisão no Amazonas, em 2014, logo após a fuga do Iapen.
Considerado um bandido intelectualizado e não violento, Mourão saiu pela porta da frente sem disparar um único tiro, assim como fez em todas as ações criminosas que organizou e executou em Macapá.
Celso Pacheco foi até Manaus para interrogá-lo no Compaj, e encontrou o bandido lendo um livro.
“Na penitenciária ele passava o dia lendo e ensinava outros presos a ler e escrever. Ele era um bandido articulado, e não temos registro de que tenha usado de violência física em suas ações”, diz o delegado.
Entre os assaltos atribuídos a Mourão no Amapá, estão o roubo a uma agência do Santander, depois de sequestrar o gerente em casa; à agência também do Santander no interior do Comando Geral da Polícia Militar, de onde foram levados cerca de R$ 80 mil.
Mourão foi preso novamente em 2014, no Amazonas, na tríplice fronteira formada por Brasil, Peru e Bolívia. Ele havia assaltado um carro-forte.
O criminoso não escondia que tinha esperanças de ser recambiado para Macapá, e tentou barganhar isso com o delegado Celso Pacheco e com o promotor de Justiça do MP do Amapá, Marco Antônio. Contudo, a intenção dos dois era apenas de interrogá-lo.
“Ele disse que se voltasse se para Macapá daria todos os detalhes sobre seus assaltos”, lembra Pacheco.
Durante a conversa com o delegado e o promotor, o bandido falou de suas origens (nasceu em Manaus) e de como entrou para a criminalidade e as facções.
“Contou superficialmente como se disfarçou e fugiu de Macapá usando aeroportos, sem precisar se identificar”, relatou o delegado.
Além de Mourão, a Polícia Civil do Amapá espera a confirmação da morte de André Amanajás, o “André Cabeludo”.
Em 1999, na fuga do assalto ao Banco do Brasil da Avenida Independência, no Centro de Macapá, Cabeludo matou uma professora que caminhava pela calçada no Bairro São Lázaro, zona norte de Macapá.
A rajada de metralhadora, na verdade, tinha como alvo uma viatura da Polícia Rodoviária Federal pela qual os bandidos cruzaram durante a escapada. O superintendente da PRF do Pará, que visitava a unidade em Macapá, foi atingido e morreu a caminho do Hospital de Emergência de Macapá.