“Não devia ter feito raiva pra mim”, diz falso pastor sobre vítima; ouça

Ednelson Oliveira, de 41 anos, disse que o caseiro lhe acusou de ser ladrão. A polícia conta que ele conquistou a confiança das pessoas falando em religião
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OLHO DE BOTO

O depoimento do assassino confesso de um caseiro, em crime ocorrido no último fim de semana, na zona rural de Macapá, é espantoso. Com facilidade para falar, o falso pastor evangélico narrou ao portal SELESNAFES.COM como chegou à propriedade, onde foi bem recebido, e tentou justificar porque matou o homem que lhe deu abrigo e comida.

Ednelson Pinheiro de Oliveira, de 41 anos, foi preso pela Polícia Civil na saída de um culto evangélico na cidade de Pracuúba, a 240 quilômetros de Macapá.

Uma semana antes, no fim da tarde do último dia 18, ele chegou caminhando ao sítio administrado pelo caseiro Roberto Carlos Tavares do Rosário, de 50 anos, na comunidade de Campina Grande, próximo do KM 21 da BR-210.

De acordo com a polícia, quando chegou ao lugar, o criminoso se identificou como viajante e pastor evangélico. Na casa, estavam o caseiro e um casal de funcionários do sítio vizinho.

Oliveira disse que era evangélico, viajante e estava com fome. Chegou, inclusive, a dar uma Bíblia de presente a uma das pessoas.  

“Ele desarmou as pessoas colocando a religião em primeiro lugar. Então as pessoas receberam ele bem, e fizeram até comida para ele. Quando os vizinhos foram embora, ele ficou sozinho com o caseiro na casa, até que a vítima saiu para comprar bebida alcoólica para eles dois”, narrou o delegado Wellington Ferraz, que conduz a investigações.

Mochila ficou para trás com roupas e a carteira de identidade. Fotos: Olho de Boto

O que aconteceu depois disso, já durante a noite, só o acusado conta. Segundo ele, os dois já estariam embriagados quando o caseiro teria lhe acusado de ser ladrão.

“Me acusou, e empurrou meu rosto. O homem não tem que ser assim. Tem que chegar e dizer que não quer ele na casa dele”, defende o assassino.

“Depois disso a vítima foi deitar e baixou a vigilância. Então, ele (Oliveira) pegou um flechal e agrediu o caseiro”, acrescenta o delegado Ferraz.

O falso pastor disse que a vítima estava deitada vendo televisão quando ele chegou por trás com o pedaço de madeira e lhe aplicou três golpes na cabeça.

Em seguida, ele arrastou o corpo da vítima sem vida até o segundo andar da casa, e o colocou em um quarto, trancando a porta.

Identidade esquecida no sítio

Ele nega o roubo, mas a polícia acredita que foi ele quem levou dois televisores, um aparelho de DVD e a bicicleta, além do salário da vítima. Contudo, deixou para trás a mochila com roupas e a carteira de identidade.

A fuga

Depois disso, o homicida buscou abrigo em uma comunidade terapêutica que funciona na vila da Tessalônica, a poucos quilômetros do local do crime.

Em seguida, ele rumou para Pracuúba, onde também ludibriou as pessoas e foi abrigado por uma família evangélica. Na delegacia, ele confessou ter cumprido 13 anos de prisão por roubos e outro homicídio, ocorrido no município de Santana.  

Delegado Wellington Ferraz: falando de religião, ele “desarmou” as pessoas

A culpa de tudo o que aconteceu, ele colocou nas drogas.

“Começou com o uso de bebida e de droga, foi só  começar para desencadear uma série de problemas dentro de mim. (…) Eu confesso que matei, mas não era pro cara ter feito raiva pra mim”, concluiu.

Ouça na íntegra o que diz o homicida, que agora vai voltar para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), onde cumpriu as penas anteriores.

Seles Nafes
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