Família expõe artes Maracá e Cunani na Festa de São Tiago

Associação de Mazagão obteve financiamento da Afap para viabilizar pela primeira vez estrutura própria no evento
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DA REDAÇÃO

A família do artesão José Vicente Moraes, de 61 anos, trabalha unida durante a Festa de São Tiago, que ocorre em Mazagão Velho. Eles participam da exposição de artesanatos no espaço dedicado ao segmento no evento cultural do município, localizado a 70 quilômetros de Macapá.

Junto com a esposa, Eleni, e a filha, Ezequileli, eles integram a Associação Maracá Cunani, com mais 18 artesãos locais. Para eles, é imprescindível destacar a arte local, para que nunca seja esquecida.

A família trabalha na réplica de utensílios como vasos, potes, vasilhas, alguidares, urnas funerárias, dentre outros. O material faz alusão à cerâmicas Cunani e Maracá, civilizações que viveram há milhares de anos na região do Amapá.

É a primeira vez que a festa recebe estrutura organizada especialmente para artesanato, montada pelo governo do Estado, sob coordenação da Secretaria de Trabalho e Empreendedorismo.

José trabalha já há mais de 30 anos com artesanato. Este ano, ele conseguiu incentivo financeiro para o negócio por meio da Agência de Fomentos do Amapá (Afap). O valor serviu para investimentos em cerâmica, peças em madeira e comercialização de alimentos, o que permitiu também dar uma roupagem nova às peças.

“Reproduzimos em argila souvenires da Festa de São Tiago, com o nome da festa, desenhos dos santos Tiago e Jorge e o que está fazendo mais sucesso, a igreja, igualzinha à igreja de Nossa Senhora de Assunção, de Mazagão Velho”, explica Eleni.

Dona Eleni: símbolos da festa são reproduzidos e fazem sucesso. Fotos: André Rodrigues (Secom)

Urnas funerárias

Entre as peças que mais chamam atenção dos visitantes, estão as urnas funerárias Maracá, onde os indígenas depositavam restos mortais de seus parentes e colocavam em seus cemitérios. As formas se diferenciam: na urna masculina há formas que designam respeito e, na feminina, algumas formas mais arredondadas que significam proteção. Uma urna nunca é igual a outra. Seus desenhos também significam história da família, como se fosse assinaturas específicas de cada grupo.

“Toda esses desenhos eram o modo deles se comunicarem, já que não tinha escrita”, explica Ezequiele, que acompanha os pais na empreitada, dando seguimento ao trabalho da família.

Na arte Cunani também há urnas funerárias, porém com formato diferente das urnas maracás. Possuem formato mais aproximado de vasos, porém se permitiam ter formais mais abrangentes: quadradas, retilíneas e triangulares. Muitos com rãs desenhadas, como símbolo de amuleto da sorte Cunani, além de bandejas e pratos fundos. Mas, para Ezequiele, uma peça se destaca: um vaso de cerâmica feito como cópia de um achado arqueológico na comunidade.

“Encontramos esse pedaço, do que suponhamos ser de um valso com alças Cunani. Então reproduzimos a peça”, explica.

Seles Nafes
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