Ágora, coluna de JÚLIO MIRAGAIA
Quatro Estações em Havana é uma série de tirar o fôlego. Adaptação dos livros do premiado escritor cubano Leonardo Padura ( O Homem Que Amava os Cachorros), a produção conta a vida do detetive Mário Conde, que desvenda uma série de crimes na ilha da América Central, no final dos anos 1980.
Conhecemos um pouco da Cuba urbana, sem mistificações ou preocupações com o contexto político. Trata-se de um olhar sobre a cidade, sua atmosfera e os casos a resolver em quatro episódios: “Ventos de Quaresma”, que traz o assassinato de uma jovem professora; “Passado perfeito”, sobre o desaparecimento de um empresário; “Máscaras”, quando o corpo de um jovem homossexual filho de um diplomata é encontrado; e “Paisagem de outono”, sobre um assassinato envolvendo um ex-funcionário público.

Morte de jovem professora em escola onde o detetive Conde estudou é o primeiro mistério da série. Imagens: reprodução/Netflix
Os dramas pessoais de Conde (policial por profissão e escritor frustrado) e de outro personagens, a literatura e a música cubana em evidência com canções de Silvio Rodríguez, Pablo Milanés e cia, são transbordamentos de informações e emoções que prende o público.
Vale destacar também que os amores não resolvidos e a solidão do protagonista e do seu grupo de velhos amigos são elementos que humanizam com elegância a história.
Recomendo Quatro Estações em Havana também para quem gosta de uma boa trama policial. Há sempre um bom mistério a ser solucionado em cada episódio, com bons desdobramentos e um razoável ritmo de ação.
Enfim, eis nesta série da Netflix uma boa pedida para aprender um pouco mais sobre Cuba e uma boa história para apreciar.
*Júlio Miragaia (Júlio Ricardo Silva de Araújo) é jornalista.