Famílias de vítimas de acidente no porto dizem que foram abandonadas por mineradora

Familiares pedem ajuda ao MPF para cobrar cumprimento de acordo.
Compartilhamentos

ANDRÉ SILVA

As famílias das seis vítimas que morreram no acidente no porto da mineradora Anglo Ferrous, em março de 2013, pediram apoio ao Ministério Público Federal (MPF) para cobrar parte da assistência que a empresa se comprometeu a dar.

As famílias informaram que o acordo não está sendo cumprido. Elas estiveram em audiência no MPF, na sexta-feira (24).

Segundo Mário Gonçalves, advogado que representa as famílias, a empresa se comprometeu a pagar planos odontológico e de saúde, além de um fundo educacional para as crianças, além de assistência às viúvas ou representantes legais delas. Ele disse que uma das maiores dificuldades das famílias é acessar os fundos, e que parte delas não tem o plano de saúde.

“O fundo está lá, mas a maioria das pessoas não consegue acessar. As famílias estão pedindo para serem assistidas realmente pela empresa”, defendeu o advogado. 

Mario Gonçalves, advogado que representa as famílias (centro) Fotos: André Silva

Rosiane dos Santos Quintela, viúva de Pedro Ribeiro Quintela, que morreu aos 34 anos, disse que os filhos e ela estão sendo assistidos de forma precária pela empresa. Segundo a mulher, à época em que aconteceu o acidente, a direção geral da Anglo foi à sua casa, com a promessa de total assistência a ela e aos filhos.

A viúva acredita que a empresa aproveitou o momento de fragilidade dela, e a influenciou a assinar um acordo que a prejudicaria.

“O plano de saúde que eles nos concederam é um plano falido aqui no estado. Ninguém quer atender convênio desse hospital. Tem crianças no nosso meio que precisam fazer cirurgia e o plano não cobre. Ainda brincam com a gente. Hoje, somos cientes do que eles fizeram conosco. Estamos decretando guerra contra essa empresa”, declarou a viúva.

Outra criança que não estaria recebendo os devidos cuidados é a filha de Egleson Nazário, vítima do acidente. A esposa dele, Ariane do Nazário, morreu há dois anos devido a complicações do lúpus. A menina está sendo criada pela avó, Maria do Socorro Rozário. A criança, segundo a avó, recebe um auxílio do INSS, no valor de R$ 250.

“Não tem condições de criar uma menina só com isso. A empresa não deu nada para ela. Quando o pessoal ligou para mim, eu estava fazendo uma diária, porque só com o que ela recebe não dá para manter”, lamentou a avó.

O MPF ajuizou ação contra a empresa para que ela cumpra com o acordo, segundo o advogado.  

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!