OLHO DE BOTO
Um dos homicídios mais bárbaros de 2017 foi solucionado nesta sexta-feira (5) pela equipe do delegado Ronaldo Coelho, da Delegacia de Homicídios do Amapá. O acusado do crime, preso depois de dois meses de buscas, espancou outro homem de forma impiedosa, até a morte, diante de duas câmeras de segurança de um armazém.
O crime ocorreu na madrugada do dia 3 de setembro de 2017, ao lado da Feira do Produtor, na Avenida 13 de Setembro, Bairro do Buritizal, zona sul de Macapá.
O relógio de uma das câmeras marcava 2h50min quando as agressões começaram. As imagens não têm muita qualidade, mas foram essenciais para entender a dinâmica do assassinato. A câmera, que estava virada de frente para o crime, trabalha com movimentos automáticos, e, por isso, filmou apenas trechos da violência.
É possível ver a vítima Reginaldo Viana dos Santos, de 46 anos, tentando fugir de seu algoz, identificado como Silvano Lopes dos Santos, de 32 anos, que é agricultor.
As agressões duram vários minutos, e só eram interrompidas quando algum veículo passava pelo local. Várias testemunhas viram o que estava ocorrendo, mas nenhuma quis interferir.
“Veio atrás com pisões na cabeça, mesmo estando jogado ao chão. Quando os carros e motos passavam ele parava. Estava intencionalmente com a vontade de matar, com fúria”, avalia o delegado Ronaldo Coelho.
A segunda câmera mostra o agricultor derrubando a vítima, que é impedida de se levantar com socos e chutes. Foram muitos chutes, todos na cabeça. Em seguida, o agricultor apanha a bicicleta parecendo que ia embora, mas decide voltar e continuar as agressões, algumas, inclusive, com o uso da bicicleta.
“Num ato de fúria, acabou matando a vítima daquela maneira cruel e perversa. Nem um porco morre assim. A imagem não tem som, mas provavelmente a vítima gritava para não morrer”, observa o delegado.
Depois de meses de investigações, a Polícia Civil conseguiu identificar, com a ajuda de testemunhas e das imagens, o agricultor Silvano Santos. Ele é produtor de farinha da comunidade de Terra Preta, em Ferreira Gomes.
Horas antes do homicídio, o agricultor vendeu uma grande quantidade de farinha na Feira do Produtor, e teria pago R$ 10 à vítima para que ela vigiasse duas sacas que haviam sobrado. Quando o agricultor retornou, alguns momentos depois, não encontrou a mercadoria, e passou a acusar Reginaldo Santos do furto. A vítima negou, e passou a ser agredida.
A pedido do delegado Ronaldo Coelho, a Justiça decretou a prisão preventiva do acusado, mas a atividade dele como agricultor atrapalhou a rápida localização, já que ele sempre estava em deslocamento.
Nesta sexta-feira, ele foi preso em uma propriedade na comunidade de Terra Preta. Informalmente, ele confessou o crime, mas, em depoimento formal, preferiu ficar em silêncio. Depois do interrogatório, ele foi encaminhado para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
O delegado disse que esse não foi o primeiro homicídio na Feira do Produtor. Segundo ele, durante a madrugada esses locais atraem criminosos.
“Uma pequena que Macapá seja uma das poucas capitais que não possua câmeras públicas de segurança, especialmente nesses locais de feira”, concluiu.
Assista ao vídeo