Vítimas do Novo Amapá são lembradas no Dia da Segurança da Navegação

Data foi instituída em alusão às vítimas do Novo Amapá e do naufrágio no Círio Fluvial, em 2013.
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ANDRÉ SILVA

O dia 6 de janeiro foi instituído, por lei, como o Dia Estadual da Consciência da Segurança da Navegação. Um evento no auditório do Sebrae, no bairro Laguinho, Centro de Macapá, lembrou, neste sábado (6), as vítimas dos naufrágios do Novo Amapá, pior acidente marítimo já registrado nos rios da Amazônia, e do Círio Fluvial, ocorrido em 12 de outubro de 2013.

A data escolhida como oficial faz alusão ao acidente com o navio Novo Amapá, ocorrido em 6 de janeiro de 1981. Ela foi proposta pela Comissão de Direito Marítimo da Ordem dos Advogados do Amapá (OAB/AP), e aprovada no dia 28 de novembro de 2016. Ao menos 321 pessoas morreram no acidente, segundo registros da Marinha do Brasil.

Homenagem aconteceu no auditório do Sebrae Foto: André Silva

O advogado e membro da comissão José Sousa, filho do ‘Mestre Sacaca’, teve um irmão de 28 anos que morreu no naufrágio do Novo Amapá.  Germano da Silva Souza trabalhava no município de Laranjal do Jari e tinha vindo a Macapá passar o Natal com a família.

“Tem pessoas que foram lá em casa agradecer, por que ele era muito forte e tinha saído do Exército, onde ele era nadador. Ele havia salvado muitas pessoas. Duas vezes vi o meu pai chorar: dois dias depois do acidente e um dia antes dele morrer. Meu irmão, quando morreu, deixou uma filha de oito anos e a esposa grávida”, relatou José Sousa.

Outro acidente que marcou a história da navegação no Amapá, foi o ocorrido no Círio Fluvial de 2013, onde morreram 18 pessoas. Uma das vítimas foi o pai de Jaqueline Pinto Camilo, Lavousier Gantus Camilo, que, à época, tinha 65 anos.

Família de Lavousier Gantus Camilo, que morreu no naufrágio do Círio Fluvial Foto: André Silva

Ele estava na companhia da esposa. A viúva, muito abalada, não quis gravar entrevista, mas Jaqueline conta os momentos narrados pela mãe.

“Ela disse que o meu pai, o tempo todo, descia, e ela sempre lá em cima, na hora que o barco virou, ela foi lançada para fora, e não lembra mas de nada. Só lembra quando tiraram ela, que foi a primeira a ser salva. Ela só lembra disso. Foi muito dolorido para a gente, como família, por conta dessa perda brusca”, disse Jaqueline Pinto. 

O capitão dos portos do Amapá Anderson de Oliveira Caldas disse que nos 37 anos do acidente, já houve muitos avanços nas leis que asseguram a salva guarda da vida humana no mar. Ele destaca que em 1997 houve a promulgação da principal lei federal que trata do tráfego aquaviário, que deu atribuições à marinha como autoridade marítima para fazer a fiscalização aquaviária no Brasil.

Caldas conta que para evitar acidentes como os que aconteceram nos rios do Amapá, a marinha realiza palestras de conscientização para os pilotos de embarcações e fiscaliza as condições dos barcos que saem de portos do estado diariamente.

“Todo o arcabouço legal e normativo que existe na Marinha do Brasil, hoje em dia, ele é posterior à ocorrência do Novo Amapá, não diretamente, mas, pela própria visualização da marinha e como o estado brasileiro, como todo, enfrentar melhor esse tipo de ocorrência”, reforçou o capitão de fragatas. 

Para denunciar as más condições das embarcações, ele disponibilizou, além dos números 08002807200 e 180, o número de Whatsapp, que é o (96) 99114-1805.

Seles Nafes
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