Vítima de funcionário do HE diz que chegou a ser tocada por ele

Técnico em enfermagem e uma servidora terceirizada foram presos em flagrante, e soltos após audiência.
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ANDRÉ SILVA

A mulher que denunciou um esquema no Hospital de Emergência de Macapá (HE), de troca de cirurgias por dinheiro e sexo, falou sobre o drama que, diz ela, enfrentou durante as negociações com o técnico em enfermagem preso em flagrante na quinta-feira (22). Além dele, uma mulher que prestava serviço terceirizado foi presa.

“Ele falou que queria R$ 1,2 mil. Eu disse que não tinha todo esse dinheiro. Então ele baixou para R$ 800 e o restante eu pagaria passando a noite com ele”, lembrou a mulher, que não terá a identidade revelado.

O homem a que ela se refere é Josiney dos Santos, de 41 anos, técnico em enfermagem preso pela polícia na quinta-feira. Ele e Aldenora Ferreira dos Santos Machado, também de 41 anos, que também trabalhava no HE e seria a responsável pela marcação das cirurgias, foram soltos após audiência de custódia. Eles responderão ao crime de concussão, em liberdade.  

Técnico e servidora terceirizada foram presos em flagrante Fotos: Olho de Boto

A vítima, de 24 anos, foi submetida à cirurgia num dos joelhos, após a denúncia. Casada e mãe de dois filhos, ela se recupera no hospital, onde está internada há mais de 20 dias. A mulher falou como foram as negociações.

“Ele parou e me chamou, e perguntou o que tinha acontecido com meu joelho. Eu disse que tinha sido um acidente e que era uma fratura. Ele falou que poderia adiantar a minha cirurgia se eu pagasse uma quantia em dinheiro para ele”, contou.

Segundo a mulher, o técnico deixou claro que o dinheiro serviria para pagar a parte dele e de outras pessoas que estariam no esquema. A mulher falou que quando disse que não tinha todo o dinheiro, o funcionário fez a proposta, e foi aí que o assédio sexual começou.

Chorando ao lembrar do ocorrido, a vítima falou que, inclusive, chegou a ser tocada pelo técnico.

“Eu me senti muito mal, porque ele começou a passar a mão no meu corpo e nas minhas partes íntimas. Eu o repreendia, mas ele continuava. Eu dizia que não poderia manter relações com ele. Ele disse que não precisava eu fazer nada, só ficar parada que ele faria o resto. Foi quando uma pessoa entrou na sala que estávamos e saí rápido dali”, contou.

No dia seguinte, lembra a mulher, ela procurou a direção do hospital para contar sobre o ocorrido. O diretor da unidade, Waldir Bittencourt, orientou a vítima a denunciar o caso, e, no mesmo dia, os dois funcionários foram presos em flagrante.

Ela disse que se decepcionou com a atitude do técnico em enfermagem e que nunca imaginou passar por isso.

“Jamais pensei que uma coisa dessas aconteceria comigo, ainda mais dentro de um hospital. Quantas mulheres já não passaram pelas mãos desse homem?”, lamenta a vítima.

A mulher falou que precisou conter o marido para que ele não fosse atrás do técnico. A família, segundo ela, está muito abalada com a situação.

Na audiência de custódia, na sexta-feira (23), o técnico e a servidora foram soltos por possuírem ocupação lícita, residência fixa e serem primários, segundo a Justiça.

Seles Nafes
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