“Na Guiana, brasileira é considerada prostituta”, desabafa estudante

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SELES NAFES

Uma estudante brasileira que cursa antropologia numa universidade da Guiana Francesa decidiu postar um vídeo onde faz um desabafo sobre o assédio e o preconceito que pesa sobre as mulheres brasileiras. O principal alvo das piadinhas são as casadas com cidadãos franceses. 

Vaneza Ferreira tem 30 anos, e nasceu na cidade de Santa Helena (Maranhão). Ela mora em Caiena, na Guiana Francesa, desde os 12 anos. Foi para morar com a mãe, que já tinha residência na região.

A estudante não se envolve em política, mas possui uma página no Facebook (Brasileiros na Guiana) onde também faz abordagens sobre os direitos femininos.

A condição de universitária, solteira e sem filhos, não livra nem ela dos sorrisos irônicos e dos assédios que ocorrem quando se identifica como brasileira. Em muitos casos, um cantada é a primeira reação dos homens quando sabem sobre a nacionalidade, como já ocorreu Vaneza.

O rótulo que recai sobre as brasileiras na Guiana é de que todas optaram em casar com homens franceses para buscar uma situação financeira estável, ou seja, o casamento por interesse.

Procurada pelo portal SELESNAFES.COM, a estudante explicou que esse preconceito teve origem com a chegada das primeiras mulheres brasileiras na Guiana Francesa, o que ocorreu nos anos 1970, época em que a moeda local era o franco.

“No início da migração, as mulheres que vinham para cá eram pessoas sem muita escolaridade. Elas se tornavam cozinheiras ou prostitutas. Sabemos bem que naquela época a Guiana e Oiapoque (no Amapá) viviam em ritmo de garimpo. Vem daí esse rótulo”, resumiu.

Vaneza Ferreira ao lado da mãe, mora desde os 12 anos na Guiana

Segundo ela, esse comportamento da sociedade em relação às brasileiras é algo tão marcante que levou antropólogos locais a classificar as migrantes como “boas empregadas e capazes de trocar seus dotes por documentação (legalização)”.  

Para Vaneza Ferreira, hoje os brasileiros que migram são profissionais mais qualificados e conscientes de seus direitos.

“Hoje nossa geração não aceita, nem vive como no passado. Somos todas conscientes e libertas desses rótulos. Mas é algo que permanece presente dentro do imaginário popular. (…) Porém, hoje tem muitas brasileiras que fazem a diferença”.

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