ANDRÉ SILVA
Moradores da Comunidade Piçarreira, localizada no bairro Marabaixo 4, zona oeste de Macapá, improvisaram uma ponte em madeira para ter acesso às casas. Segundo eles, sempre que chove, a rua onde moram vai para o fundo e vira um lago. A água chega a cobrir os poços das residências. A população diz que o problema é antigo e que muitas pessoas já tiveram que abandonar o local.
A região em questão serviu, por muitos anos, como ponto de extração de aterro e piçarra. A área foi tão explorada, que, no lugar do aterro, o que restou foi um imenso buraco que no inverno enche de água. Muitas famílias já abandonaram suas casas por causa do problema. O ponto mais crítico fica na Travessa Manuel José.
Geisa Miranda, de 26 anos, diz que precisa improvisar para não perder o terreno onde mora. O marido dela construiu uma ponte em madeira para que tenham acesso à casa sem precisar colocar os pés na água. No imóvel, moram ela, o marido e dois filhos. Miranda disse que comprou a residência sem saber do problema.
“A gente não sabia que quando chegava o inverno ficava nessa situação. Nós compramos no verão, mês de novembro. Este ano, decidimos fazer a ponte por causa das crianças que têm que ir para a escola e, nós, para o trabalho”, contou Geisa.
Segundo ela, a família investiu R$ 300 na compra de madeiras para construir a passarela. O vizinho de Geisa, segundo ela, não suportou a situação e mudou-se. (veja vídeo)
O padeiro Marcio Ailton, de 33 anos, tem uma casa na travessa onde mora com a mulher e filhos. A ponte não dá acesso para a casa dele. Para chegar à residência, ele precisa andar dois quarteirões passando por várias ruas até chegar próximo ao imóvel, onde precisa tirar os sapatos para atravessar o lago e chegar à casa. Há seis anos ele vive a mesma situação.
“Todos os anos a gente pede solução para esse problema, principalmente, por causa das nossas crianças. Muitos poços inundam aqui e ficam muito sujos. Da muito carapanã e coceira nas pernas por conta da água também”, reclamou o morador.
A presidente da associação de moradores do bairro, Dulce Barros, disse que para resolver o problema não é tão simples. Segundo ela, as pessoas que moram no local vivem dentro de um buraco e a solução seria fazer um desvio para a água, utilizando 360 manilhas.
“Porém, nem governo e nem prefeitura dispõem desse recurso. Então, a segunda alternativa seria alinhar com os moradores uma solução para resolver ali o problema deles”, falou a presidente da associação.
Ela disse também que está buscando ajuda na Secretaria de Estado de Transportes (Setrap), para fazer o desvio improvisado no local, mas, ainda não recebeu resposta, afirma.
A reportagem não conseguiu contato com o Estado e nem Município para falar sobre o assunto.