Opinião: a política tem que transformar e não matar

No jogo político, a desqualificação de adversários com boatos e outros recursos desonestos tem sido uma regra
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NATHAN ZAHLOUTH

Segundo Mao-Tse-Tung, “a política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue”. A discussão sobre política, as divergências entre esquerda e direita está cada vez mais acentuada e exposta para sociedade. As redes sociais estão cheias de opiniões sobre diversos fatores que envolvem a política.

Um dos fatos recentes que chamou atenção da maioria dos usuários das redes sociais foi o cenário de violência que tomou conta do Rio de Janeiro e a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). A parlamentar era uma mulher negra, jovem, lésbica, defensora das causas dos favelados e recentemente entrou na comissão de fiscalização da intervenção federal militar no Rio.

Além disso, ela havia denunciado casos de abuso de poder e violência contra inocentes e, dias depois, foi executada a tiros. Nas redes sociais, esse caso mostrou as divergências ideológicas das pessoas que discutem política nesse espaço.

Notícias falsas sobre a vida da vereadora Marielle Franco foram compartilhadas por usuários. Imagens: reprodução internet

Primeiro é preciso notar que se trata-se da morte de uma pessoa, que estudou, tinha mestrado, eleita pelo povo para o mandato de vereadora, representava os ideais de esquerda e dos menos favorecidos. Marielle foi eleita vereadora em 2016 com quase 50 mil votos e 40% dos seus eleitores moravam em áreas nobres do Rio de Janeiro.

O que chama atenção em todos esses fatos são as reações de pessoas que se pronunciam nas redes sociais, como a desembargadora Marília Castro Neves, que acusou a vereadora de ter envolvimento com Marcinho VP, um dos chefes do tráfico. Entretanto foi comprovado que a alegação absurda se tratava de notícia falsa (fake news) e que estava sendo difundida aos quatro ventos por pessoas que achavam que era justo Marielle ter sido executada já que ela “defendia e era envolvida com bandidos”.

Post de desembargadora do RJ fez coro com o mundo das fake news

Assim como o coronel da Polícia Militar do Rio (PM-RJ), Robson da Silva, que se pronunciou: “senti-me na obrigação de informar a amigos desinformados sobre quem ela era” e relembrar as diversas vezes que a vereadora procurou o coronel para discutir formas de ajudar policiais vítimas de violência, abusos, assedio moral e sexual.

O fato é que Mao-Tse-Tung estava correto em afirmar que em uma guerra é a tradução da política com derramamento de sangue. O que ocorre no Rio é uma guerra onde morrem policiais, civis, defensores dos direitos humanos, crianças, mulheres, idosos, e todos os cidadãos que são vítimas desta violência.

Atualmente é muito fácil disseminar sua opinião política, entretanto é necessário ter cuidado com as ideias ou fatos que se propaga. Fake news e ódio estão presentes nas redes e podem ocasionar sérias consequências para as pessoas ou para a nação. A divergência entre direita e esquerda é ideológica, mas não precisa ser marcada pelo ódio e sangue, a política precisa cumprir o seu papel de transformar a sociedade e não de matar seus agentes.

Seles Nafes
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