“Ching ling” na floresta

Feira de produtos da 25 de março roda pequenas cidades para descontentamento do comércio e alegria de moradores
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SELES NAFES

O som ambiente é tribal. As letras das músicas são cantadas num francês claramente influenciado por outras línguas africanas. Os vendedores são estrangeiros, e por todos os lados as bancas são forradas de produtos importados e réplicas de marcas famosas. Por incrível que pareça, esse cenário não fica em nenhum centro urbano conhecido, mas numa rua sem asfalto do pequeno município de Pedra Branca do Amapari, cidade a 180 quilômetros de Macapá. 

É a polêmica “Feira da 25 de Março”, que vende produtos da famosa rua de São Paulo e reúne vendedores senegaleses e indianos. Há mais de uma semana, cerca de 20 deles estão ocupando o galpão de uma cooperativa de agricultores da cidade que é a porta de entrada para o Parque Montanhas do Tumucumaque.

Apesar da Federação do Comércio do Amapá (Fecomércio) ter declarado guerra a esse tipo de iniciativa por não recolher impostos e atuar sem licenças oficiais, o que causaria concorrência desleal, os moradores de Pedra Branca não têm do que reclamar. Afinal, aonde seria possível comprar uma bermuda da “Nike” por apenas R$ 25? Ou um relógio esportivo e moderno por apenas R$ 30?

“É a primeira vez que eu vejo isso (a feira) aqui. É bem mais barato do que nas lojas aqui da cidade”, comemorava a estudante Francilene Sucupira, que estava escolhendo um fone de ouvido e uma caixinha de som que reproduz músicas via bluetooth.

Roupas imitam marcas famosas. Fotos: Seles Nafes

Galpão da cooperativa fica numa rua sem asfalto, às margens do caudaloso Rio Amapari

Os produtos eletrônicos, aliás, são as estrelas da feira ao lado dos relógios dourados e esportivos. Também existem uma infinidade de capas e outros acessórios para celulares, e roupas e calçados que imitam grifes famosas.

Um dos vendedores, de origem indiana, conta em português precário que aceita cartões de crédito. Segundo ele, todos os colegas atuam no comércio paulista, mas também rodam por pequenas cidades do interior da Amazônia.

Eles chegaram à cidade incentivados pela cooperativa de agricultores, e vão ficar em Pedra Branca do Amapari por mais uma semana, antes de seguirem para Vitória do Jari (no sul do Amapá) também convidados por uma entidade local.

Relógios dourados e esportivos chamam a atenção

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