Pedofilia: pediatra divide cela com homicida e jurados de morte

Marcelo Torrinha está num pavilhão onde também estão políticos. Ele cumpre pena num processo que correu em segredo de justiça
Compartilhamentos

SELES NAFES

O pediatra Marcelo Torrinha, preso por pedofilia na semana passada numa operação da Polícia Federal, divide uma das celas do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) com estupradores e homicidas, entre eles o jovem Wellington Raad. Em maio de 2010, Raad confessou ter massacrado a família Konish, num crime tão bárbaro que entrou para a história policial do Amapá.

A cela onde está Marcelo Torrinha fica no Pavilhão 6 do Iapen e abriga mais cinco criminosos. O pavilhão é essencialmente destinado a pessoas condenadas por crimes sexuais ou que estejam ameaçadas de morte por outros presos.

No mesmo pavilhão, também estão presos condenados, ou em prisão preventiva, que foram investigados em operações da Polícia Federal, como os ex-deputados Badu Picanço, Antônio Feijão, Edinho Duarte e o deputado estadual Moisés Souza.

Wellington Raad ouve a sentença de 57 anos, no dia 1 de junho de 2012. Pena foi reduzida para 37 anos. Foto: Erich Macias

Carolina Camargo foi morta com os filhos de 15 e 11 anos. Reprodução/Facebook

Apesar das restrições, o pediatra e os outros detentos têm direito a duas horas diárias de banho de sol, mas são impedidos de circular próximo dos outros pavilhões por razões óbvias de segurança, principalmente os que são condenados por estupro e morte de crianças, como é o caso de Raad.

Wellington Raad, de 28 anos, cumpre pena de 37 anos de prisão pelas mortes da advogada Carolina Camargo, de 36 anos, e dos filhos dela, Marcelo, de 15 anos, e Vitória Konish, 11 anos. A família era de Santa Catarina e morava havia três anos no Amapá.

Todos foram mortos a facadas dentro da residência onde moravam, no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul de Macapá, na noite de 1º de dezembro de 2012. Apesar da confissão do jovem, que na época tinha apenas 19 anos, a motivação do crime nunca foi esclarecida pela polícia.

Apesar da extensa pena, o jovem casou na cadeia, mas, em 2016, veio o divórcio. 

CPI

O médico Marcelo Torrinha foi preso em casa no último dia 13, depois que o processo dele transitou em julgado na segunda instância. Ele estava de bermuda e sandálias quando os policiais chegaram com a ordem de prisão emitida por um juiz federal a pedido do Ministério Público Federal.

Agentes fazem inspeção no pavilhão que reúne detentos jurados de morte

Em 2009, ele chegou a depor na CPI nacional da pedofilia com outros três suspeitos. Na época, o pediatra já era investigado a partir da denúncia da mãe de um adolescente, então com 13 anos.

O garoto relatou à família que havia sido abusado pelo médico na companhia de outros homens que também teriam participado do crime, entre eles um servidor do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Permissão  

Marcelo Torrinha, apesar de ter sido investigado, indiciado, denunciado e condenado por pedofilia, nunca foi impedido pelo Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP) de continuar atuando como médico.

Na internet, o nome dele está relacionado a vários consultórios particulares de Macapá. Funcionários de duas clínicas procuradas pelo portal SELESNAFES.COM não quiseram confirmar se havia agendamentos para o médico.

Quase 9 anos depois, CRM irá avaliar caso de médico pedófilo

O Conselho Federal de Medicina deve se reunir nos próximos dias para discutir o assunto, mas antes pretende solicitar mais informações à Polícia Federal. Essas providências ocorrem quase 9 anos depois do primeiro caso contra o médico ter sido denunciado.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!