Dia da parteira tem conversas e troca de experiência: “não pode fazer corpo mole”

Parteiras tradicionais do Amapá participaram de roda de conversas no Museu Sacaca.
Compartilhamentos

CÁSSIA LIMA

As experiências e procedimentos de parteiras tradicionais do Amapá foram o tema central de uma roda de conversas neste sábado (5), no auditório do Museu Sacaca, em Macapá. A data foi escolhida porque marca o Dia Internacional da Parteira, criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1991.

O evento reuniu técnicos e acadêmicos de cursos da área da saúde. As conversas foram ministradas por parteiras indígenas, quilombolas, ribeirinhas e técnicas da saúde, especializadas na área de parto humanizado.

Rosalina Cordeiro da Silva, de 83 anos foi uma das parteiras que participou e transmitiu seus conhecimentos de mais de 20 anos com partos de ribeirinhas pelo interior do Amapá. Ela já fez mais de 15 partos.

“O primeiro parto que eu fiz foi em um dia de chuva e foi o parto de uma vizinha. Eu nunca tinha feito um, mas, a minha vizinha entrou em trabalho de parto e a parteira dela não estava por perto. Arrumei no chão e fiz. Foi um parto rápido e depois acompanhei por oito dias a mulher”, contou.

Rosalina Cordeiro da Silva diz que mulher não pode fazer corpo mole Foto: Cássia Lima

Ela diz que o procedimento é simples e rápido. Conta com um pano no chão, bacias de água, álcool e chá. Mas que é importante a parteira estar atenta e a grávida não fazer “corpo mole”.

“Graças a Deus, nunca tive tanto trabalho ou demora. Mas sempre digo que a mulher não pode fazer corpo mole se não a criança já nasce tola. Tem que aguentar a dor e conduzir o corpo para um bom parto”, diz.

Outra parteira que contou suas experiências, dessa vez em tribos indígenas, foi Celeste Aruku Atirio, de 47 anos.

“É importante ajudar a mãe do bebê a se acalmar. Colocar ela na rede ou no chão e esperar o momento certo”, falou.

Celeste Aruku Atirio fez partos em tribos indígenas Foto: Cássia Lima

Segundo a coordenadora do Bloco Pedagógico do Museu Sacaca, Deuzete Moreira, a proposta da rede é promover esse diálogo.

“A gente está homenageando elas e levando esse conhecimento para outras pessoas. Muitos ribeirinhos ainda nascem da forma tradicional, e não podemos deixar essa tradição se perder”, disse.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!