Moradores fazem horta em rua abandonada

Macaxeira e até quiabo são cultivados na rua pelos moradores desde o início do ano
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RODRIGO INDINHO, colaborador

Não é só pescaria em “lago” que os moradores fazem para protestar contra as condições de ruas em Macapá. Famílias da Rua Francisco Francine Cavalcante, no bairro Infraero II, na zona norte, estão plantando macaxeira e até quiabo em parte da via.  

O objetivo original, claro, era para chamar a atenção da prefeitura de Macapá para os problemas que assolam a comunidade há mais de duas décadas.

A horta improvisada começou a ser cultivada por moradores em fevereiro para denunciar as péssimas condições da rua. O local está intransitável devido ao grande acúmulo de mato, lama e poças d’água. Também falta de iluminação pública, entre outros serviços.

Não parece, mas é a Rua Francisco Francine. Fotos: Rodrigo Indinho

Segundo a aposentada Maria de Jesus, que é moradora do local há mais de 20 anos, nunca houve manutenção da rua.

“Tem várias plantas, macaxeira, quiabo, mamão… como não tem manutenção na rua meu marido paga pra roçarem na frente de casa. E ele, pra chamar a atenção de alguém sobre nossos problemas, planta na rua mesmo, como o povo vive esquecido aqui, a gente capina, planta, colhe, torna a plantar e fazer tudo novamente e ninguém olha pela comunidade, tanto que as plantas estão aí grandes e bonitas”, diz ela, na foto em destaque.

“Desde 1997, quando me mudei para cá, já passaram vários prefeitos e até hoje nenhum olhou por nós”, falou a aposentada.

Dona Maria Isabel, de 101 anos, já não enxerga tão bem e sente dificuldades para se locomover até a igreja na qual congrega. É difícil passar pelo mato e lama. 

Horta é cultivada desde fevereiro

Arnaldo Paulo: situação sempre pior nesta época do ano, há duas décadas

“Mal posso sair de casa para vir à igreja. É muita lama e cerrado, já cai três vezes no local, e vivemos nesse sofrimento… peço ao prefeito que tenha uma consideração com os velhinhos. Tenho 101 anos e ainda sonho em ver essa rua pronta”, pediu dona Maria Isabel.

Aos 101 anos, aposentada precisa vencer a lama e o mato para chegar à igreja

O morador Arnaldo Paulo diz que é muito difícil conviver com esses problemas, especialmente com a chegada do período chuvoso.

“Além desse matagal e da lama com odor, com a chuva isso aqui vira um rio e os moradores têm que tirar os sapatos e suspender a calça para poder chegar ao seu destino com segurança e enxutos”, descreveu.

Enquanto eles aguardam uma resposta da prefeitura, a horta continuará sendo cultivada, avisam eles.

Seles Nafes
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