Por que debater virou crime?

Decisão judicial no Amapá pode engessar as boas ideias. Mais do que nunca, o Amapá precisa delas
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EDITORIAL

A decisão judicial que impediu um pré-candidato a deputado federal no Amapá de impulsionar postagens no Facebook, mesmo sem pedir voto explícito (conforme preceitua a legislação eleitoral), gera muito mais do que um debate jurídico. É uma questão de liberdade, de educação do eleitor. Explico:

O Artigo 36-A, da Lei 9.504/97, classifica campanha eleitoral antecipada como aquela que é feita antes do período eleitoral e com pedido de voto escancarado. O dispositivo não possui uma vírgula sequer sobre proibir o debate de ideias.

Outros pré-candidatos, militantes e simpatizantes também estão pagando para o Facebook espalhar suas ideias, longe da mira da justiça eleitoral, até agora.

É claro que o ideal seria discutir alternativas econômicas todos dias, mas é sempre no ano eleitoral, momento em que temos a oportunidade de renovar a classe política na urna, é que as ideias afloram e os debates ficam mais intensos.

Impulsionamentos são de ideias. Os debates são necessários, principalmente no ano eleitoral

É essencial levar essas visões para o maior número possível de pessoas. Por isso, existem os impulsionamentos, as carreatas, as caminhadas pelos municípios e as reuniões com associações de moradores, sindicatos, e etc. Tudo isso custa dinheiro. Que digam Lula e Bolsonaro, que passaram um ano viajando pelo Brasil, e não foi para fazer turismo.

Mas porque calar apenas uma pessoa? Essa decisão, que confirmou uma liminar proferida em março, precisa ser revista, sob a pena de premiarmos os políticos que todos os anos dizem a mesma coisa, e impedirmos o surgimento de ideias que nos ajudem a compreender que existem caminhos viáveis.

O Amapá, precisa achar o seu caminho, e parar de patinar.

Seles Nafes
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