Exclusivo: o que está por trás da execuções de criminosos no Amapá

Delegacia de Homicídios busca identificar restante do grupo que pode ter matado mais de 10 pessoas nas últimas semanas em Macapá
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Em momento ousado, bandidos fazem selfie na casa de mulher executada. Foto: reprodução

OLHO DE BOTO

A Polícia Civil do Amapá busca os demais criminosos envolvidos em uma série de execuções que têm ocorrido no Amapá nas últimas semanas. De acordo com a Delegacia de Homicídios, em sete dias o grupo matou pelo menos 6 pessoas. Mas, o inquérito aponta que as ações do bando podem ter sido responsáveis por pelo menos 10 homicídios.

Entre a quarta (7) e quinta-feira (8), três suspeitos de envolvimento nas execuções morreram em confrontos com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), no Centro e na zona norte de Macapá.

Todos eram foragidos da Justiça, sendo que dois deles, mortos no confronto no Centro, haviam fugido do prisão: Diego Nunes Frazão, vulgo “Neguinho da Balada”; e Alisson Ruan Dias Viegas. O terceiro criminoso, que morreu após atirar contra o Bope em um possível esconderijo, no Bairro Novo Horizonte, tinha um mandado de prisão em aberto.

Armados, grupo passou a agir encapuzado e com coletes. Roupa similar à da Polícia Civil. Foto: reprodução/Whatsapp

Segundo o delegado Ronaldo Coelho, a investigação aponta que um grupo de criminosos de dentro do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) dá as ordens para que a facção externa atue, cometendo os assassinatos que ocorrem por motivos diversos, como por exemplo, por rixas internas entre os bandidos.

Execuções

Entre os casos, o delegado recorda o primeiro, na Feira do Agricultor do Bairro Buritizal, na zona sul da capital, no último dia 23. No vídeo, gravado por uma câmera de segurança em pleno dia, Alisson é visto sendo o autor da morte do flanelinha e ex-detento Rodrigo Bandeira Lima, o “Rodriguinho”, de 20 anos. 

“Queremos saber quem é o outro criminoso que age junto com o Alisson nesse dia”, diz Ronaldo Coelho.

Último confronto registrado em possível esconderijo, no Novo Horizonte. Foto: reprodução/Whatsapp

Ele relata também que os executores iriam matar outro ex-detento no mesmo dia, identificado como Fabrício Odoval Guedes, de 26 anos, que conseguiu fugir no dia do atentado. Porém, dois dias depois, ele seria alvejado na frente de sua residência. O ex-detento foi encaminhado a um hospital e faleceu nesta sexta-feira (10) após ser constatada a morte cerebral. 

A Polícia Civil teve acesso a registros de câmeras de segurança de próximo da feira. Os vídeos mostram o momento em que o criminoso Alisson Ruan Dias Viegas e o comparsa matam o ex-detento Rodrigo Bandeira Lima, e fogem. Assista:

 

 

Outro caso em que os bandidos teriam atuado foi na morte de um adolescente de 16 anos, no dia 25 de julho. O crime ocorreu no Bairro Brasil Novo, na zona norte, na esquina da casa da vítima. De acordo com a polícia, Mailson Silva dos Santos informou para a mãe que ia entregar um carregador de celular para uma pessoa, mas na verdade o jovem acabou em uma emboscada.

Rodrigo Bandeira e Fabrício Furtado: ex-detentos alvos de atiradores na zona sul. Foto: colagem/reprodução

O fato mais recente envolvendo o grupo de execução foi a morte de Maria Ilma Gouveia dos Santos, de 39 anos. A mulher foi assassinada na noite da última sexta-feira (3), no Bairro Jardim Felicidade I, na zona norte.

Um grupo de homens encapuzados, portando armas de fogo, invadiu a residência da vítima e a matou a tiros. Segundo o delegado Ronaldo Coelho, tudo indica que foi um acerto por dívida com drogas. 

No mundo do crime desde cedo

O delegado recorda que todos os envolvidos nas execuções e identificados até o momento são velhos conhecidos da polícia. 

“Passaram pelo furto quando eram adolescentes, depois para o roubo, para o homicídio e o tráfico. São pessoas extremamente violentas. Eles estavam tão confiantes e abusados que estavam agindo livremente”, apontou Coelho.

Neguinho da Balada: matou a namorada de 15 anos há 3 anos. Ficha criminal longa que encerra em confronto com o Bope. Foto: reprodução PC

Neguinho da Balada era conhecido também pela morte da própria namorada, no ano de 2015, no município de Laranjal do Jari, no sul do Estado, quando ainda era menor de idade. Já Alisson também teria cometido agressões contra a ex-companheira, chegando a raspar a cabeça da vítima, em 2017.

Em busca dos outros integrantes do bando

“Queremos identificar o restante do grupo, pois ele não se resume a esses dois [Neguinho e Alisson] . As fotos demonstram que o grupo é muito grande. Então, temos uma investigação longa a seguir para identificar essas outras pessoas”, frisou o delegado Ronaldo Coelho.

Alisson: raspou a cabeça da ex-companheira. Morto durante tentativa de fuga no Centro de Macapá

O titular da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil avaliou também como os infratores banalizam a vida e, por conta disso, é difícil haver uma prevenção aos acertos de contas que estabelecem entre si.

“É inevitável o confronto deles com qualquer grupo policial, pois eles não vão se entregar. São extremamente violentos. Essas pessoas que fazem parte dessas facções não querem proteção, para eles isso é coisa normal. Essa brigas entre eles é de difícil prevenção, porque eles mesmos se estranham e eles se resolvem”, destacou o delegado.

Delegado Ronaldo Coelho: busca por restante do grupo. Foto: Olho de Boto

Sobre os conflitos entre os criminosos, Coelho explicou ainda que a forma de funcionamento desse tipo de organização visa o lucro, como em uma empresa. Segundo o delegado, quando um dos indivíduos atrapalha os negócios acontecem os acertos de contas. 

“Queremos chegar em todos os integrantes dessa quadrilha”, finalizou.

A Polícia Civil do Amapá pede que qualquer informação sobre o paradeiro de suspeitos envolvidos nas execuções pode ser repassada pelo disque denúncia no número 99202-6000, que também é Whatsapp. A pessoa não precisa se identificar. 

Seles Nafes
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