O muro interminável

Obra foi retomada este ano, só que há dois meses, parou de novo
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ANDRÉ SILVA

Há cinco anos o Governo do Estado do Amapá iniciou a construção de um muro de arrimo na orla do Bairro Aturiá, na zona sul de Macapá. O plano era que a estrutura em concreto e ferro amenizasse o impacto das águas do Rio Amazonas sobre o barranco onde ficam localizadas as palafitas. A obra, que custa R$ 12 milhões, estava paralisada desde 2015 e foi retomada este ano, só que há dois meses, parou de novo.

Obra está parada há dois meses. Fotos: André Silva/SN

Maria Trindade, de 57 anos, mora no local há mais de 30 anos. Ela contou que já precisou sair de casa uma vez para morar de aluguel. Tinha a promessa de viver em um dos apartamentos que seriam construídos no conjunto habitacional Vila das Oliveiras, no Bairro Pedrinhas, outra obra parada, desde 2013.

Ruan Marcos relata que é difícil dormir, à noite, quando a maré está alta

“Eu passei muitos anos na justiça para ver se indenizavam, porque antes, iriam indenizar. Aí, não indenizou e o juiz mandou a gente voltar pra nossa casa. Agora a obra esta parada. Para acabar de completar, os funcionários que trabalhavam aí estão de aviso (serão demitidos)”, desabafou a moradora.

Maria Trindade diz que já precisou sair de casa uma vez para morar de aluguel

O motorista Ruan Marcos, de 42 anos, tem uma casa no local há seis anos. Ele mora com mulher e filhos. Marcos relata que é difícil dormir, à noite, quando a maré está alta. A água, segundo ele, chega a bater no assoalho da casa.

Palafitas enfrentam a força da maré

“Quando eu cheguei pra cá não era exatamente dessa forma. Todo ano que passa, a maré avança, e a cada ano que passa, mais violenta ela está chegando. O muro de arrimo está na porta de casa para ser concluído e tá parada a obra”, reclamou o motorista.

Escritório da obra está abandonado

Segundo o Governo do Estado do Amapá, a obra teve que ser paralisada em janeiro de 2015 porque os recursos que viriam do BNDES não teriam sido aprovados. Depois de passar por readequações a obra voltou, desta vez, com previsão de entrega para outubro deste ano.

Sem o muro de contenção, maré já derrubou várias casas

A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinf) emitiu nota, informando que “aguarda parecer da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) quanto à solicitação de um aditivo de serviço da obra do muro de arrimo do bairro Aturiá. Os serviços só poderão ser retomados após o parecer”, diz a nota.

Foto de capa: André Silva

Seles Nafes
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