A Secretaria de Saúde do Município de Santana, a 17 km de Macapá, registrou nove casos de Doença de Chagas na cidade. Todos teriam ligação com o consumo de açaí. Entre as vítimas da doença estão uma criança e dois adultos de uma única família.
Todos os casos estão concentrados no Bairro Hospitalidade, na periferia de Santana. Segundo a Secretaria de Saúde, dois deles são oriundos de Afuá, município paraense vizinho, e os outros sete são de Santana.
Casos estariam concentrados no Bairro Hospitalidade, na periferia de Santana. Fotos: André Silva/SN
O secretário de Saúde do município, Rosivano Albuquerque, informou que as pessoas com a infecção já estão em tratamento. A suspeita é que elas tenham contraído o parasita em decorrência do consumo de açaí, que teve uma oferta ampliada nos últimos dias, quando era possível comprar o litro do produto por apenas R$ 2.
“A gente já mandou uma equipe técnica hoje [segunda-feira, 20] e nossa suspeita inicial se confirmou. Provavelmente é de origem de batedeira de açaí. Como é em um perímetro só, a equipe disse que, ali próximo, existem sete batedeiras de açaí onde as pessoas compram constantemente”, afirmou o secretário.
Ele ainda informou que a prefeitura vai intensificar a fiscalização nas batedeiras de todo o município, como forma de combater o avanço da doença.
Núbia de Freitas (E), disse que não vai mais tomar açaí. A vizinha dela, Samara Bianca, tem o filho, o pai e a mãe infectados
A autônoma Samara Bianca, de 29 anos, percebeu que o filho, de 8 anos, não estava bem quando chegou da escola, com febre. No dia seguinte, apareceram as manchas no corpo.
“A gente ia no hospital e fazia exames, e não dava nada. No dia 16, nós fizemos outros exames e constatou que era [Doença de] Chagas. Dois dias depois, foi minha sobrinha, de 29 anos. Depois, meu pai, minha mãe e minha vizinha. A gente desconfia do açaí”, relatou.
A vizinha dela, Núbia de Freitas, 29 anos, disse que começou a sentir os sintomas no dia 6. E só no dia 16 teve o diagnóstico. Ela iniciou o tratamento há três dias.
“É uma doença pro resto da vida. É muito preocupante. Deixa a gente bem mexido. O açaí é o alimento que a gente mais consome, mas nunca mais vou tomar”, assegurou a gerente administrativa.
Resultados de exames confirmaram o diagnóstico de Chagas
A Secretaria de Saúde informou que, até esta segunda-feira, esses foram os únicos casos da doença registrados no município. Ano passado nenhum foi registrado.
