ANDRÉ SILVA
Uma publicação no Faceboock, feita pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Amapá (Unifap), chamou a atenção de internautas na última semana. O post faz referência a um suposto caso de estupro contra uma jovem dentro da instituição, há cerca de 15 dias.
Segundo a coordenação do DCE, a suposta vítima compartilhou o trauma com um amigo, que, por sua vez, informou ao diretório, responsável pela publicação. A postagem narra momentos de horror que teriam sido vividos pela estudante. O suposto crime teria ocorrido no bloco de saúde, onde a aluna estuda.
“Ela estava sozinha, à noite, no laboratório, e foi ao banheiro, quando um cara não identificado entrou no banheiro e a manteve lá dentro por cerca de duas horas”, diz o relato.
O episódio foi tratado como boato, até que nesta segunda-feira(24), uma amiga íntima da suposta vítima confirmou a informação, segundo uma das coordenadoras do DCE, Loiana Santana. Ela disse que a própria estudante, muito abalada, resolveu não denunciar o fato.
“Ela não denunciou porque para denunciar um fato desse na delegacia da mulher ou para ter atendimento, ela precisava ter feito logo depois do ato, para fazer o boletim de ocorrência e fazer coleta de sêmen. Como ela não fez isso, ela sabia que não ia dar em nada”, acredita a coordenadora.
Assaltos
Além da denúncia de estupro, informações de que assaltos estão ocorrendo no interior da Unifap são confirmadas por estudantes. Segundo a aluna Ingrid Gibson, de 22 anos, há muitos relatos e registros na ouvidoria da instituição, relacionados a esses crimes.
Ela diz haver omissão da universidade em relação aos casos, e afirma que muitas vezes a instituição insinua que os fatos acontecem quando ocorrem festas no campus, organizadas pelos estudantes.
“É impossível que nenhuma notificação de assalto ou abusos tenha chegado a eles”, reclamou a estudante, que afirma ter havido um assalto na Unifap no dia 15 de setembro.
“Eles dizem que é por causa das festas, mas, não é. Semana passada um menino foi assaltado e não estava tendo festa. A gente gasta com segurança para 16 postos e um guardinha desse cuida de 4 prédios. É muito insuficiente”, reclamou a estudante.
Kit antiabuso
Para conscientizar a comunidade acadêmica, os estudantes fizeram a distribuição de vários cartazes com frases impactantes de enfrentamento ao abuso por todo o campus.
Além dos cartazes, foram distribuídos kits antiabusos, que contém um apito e dois alfinetes.
“Se a pessoa estiver em um transporte público ou em outro espaço e se sentir violada ou desconfortável, ela pode usar esse alfinete e o apito para pedir ajuda para as pessoas de perto”, falou Ingrid.
O que diz a Unifap?
A Unifap informou por meio da assessoria de comunicação que devido o processo de transição que acontece esta semana, a instituição ainda não pode se pronunciar sobre o assunto. Afirmou que o fará ainda esta semana.