RODRIGO INDINHO
O dia 13 de setembro é marcado pelo feriado alusivo à fundação do ex-território federal do Amapá. Na capital, anualmente acontece o desfile cívico com alunos das escolas estaduais, no Sambódromo. O portal SELESNAFES.COM conversou com uma figura muito simpática que já desfilou por várias vezes, da época do território até nos dias atuais, e lembra o que viveu e o que mudou de lá pra cá.
O guarda do ex-território federal, José Monteiro do Espírito Santo, de 74 anos, o seu “Monteiro”, como é conhecido entre os amigos, veio para o Amapá quando ainda era criança, em 1957, com a família. Em 1962, com 18 anos, começou a servir ao Tiro de Guerra 130 (o Exército da época) e no mesmo ano entrou na Guarda Territorial. Ele lembra de seu último desfile pelo Território.
“Era uma boa época. Lembro que meu último desfile foi em 1968, na Avenida FAB. O que me marcava era o respeito que a população tinha conosco e os aplausos que recebíamos por sermos as autoridades do Território. Hoje está muito diferente, não se tem mais respeito nem com o pai e nem com a mãe”, lembrou.
Após seu último desfile na FAB, seu Monteiro foi para o Vale do Jari trabalhar como marceneiro na empresa Jari Celulose. Lá, construiu sua família e, em 1981, retornou para a capital em busca de emprego. Com tristeza no olhar, um dos ícones da guarda ainda em atividade diz que se sente esquecido.
“Todo ano nesse período vou ao Sambódromo e na zona norte desfilar, e me vem aquela recordação nossa desfilando, o que me faz ter mais vontade de desfilar. Esse ano, infelizmente, esqueceram da gente e não desfilaremos hoje no sambódromo, mas se puder irei olhar, se não, ficarei com as boas lembranças que marcam minha memória”, lamentou seu Monteiro.
Hoje com pensão vitalícia adquirida em 2009, seu Monteiro juntamente com 6 guardas se revezam em uma sala da antiga instituição, semanalmente, na Fortaleza de São José, repassando diversas informações e esclarecendo vários relatos da época. Ele deixa um recado para os amapaenses.
“Peço que não nos esqueçam, dos que já foram ou de nós que ainda estamos vivos. Fizemos parte e ainda somos a história do nosso querido Amapá. Tenho orgulho de ser daquela época e que as pessoas possam nos visitar na Fortaleza de domingo à domingo para bater um bom papo. E para finalizar digo: mais respeito pelo próximo”, encerrou seu Monteiro.
Foto de capa: Rodrigo Indinho