RODRIGO INDINHO
Na manhã desta quarta-feira (17), acontece no Fórum de Macapá a primeira audiência de instrução que tem como réu o soldado da Polícia Militar, Kássio de Mangas dos Santos, de 29 anos, assassino confesso da ex-namorada, a também policial Emily Karine de Miranda Monteiro, de 29 anos.
De acordo com o juiz Nazareno Haussler, que preside a sessão, a audiência de instrução tem como resultado admitir ou não que o réu seja julgado perante o conselho de sentença. O magistrado explicou também que essa é uma fase posterior ao inquérito policial e que antecede o julgamento do réu.
Haussler informou ainda que, caso não haja ausência de testemunhas ou que a defesa e a acusação não protelem, a previsão é que o julgamento de Mangas ocorra em no máximo 45 dias.
“Se houver recursos não há como precisar o dia [do julgamento]. Participam Ministério Público [acusação], advogados de defesa, testemunhas de ambos e, ao final, o réu será interrogado e depois haverá as alegações finais da defesa e MP”, complementou o magistrado.
Defesa e acusação
De acordo com o advogado Maurício Pereira, que faz a acusação, a tendência é que Kássio Mangas seja levado a júri popular. O advogado reforçou também que o crime é caracterizado como feminicídio.
“Ao que consta, o réu agiu por não aceitar o fim de uma relação amorosa, ele a tinha como uma propriedade dele. O crime foi feito com uma frieza enorme, enganou os familiares para que não prestassem socorro. Após o crime entrou em contato com a amiga, dizendo que houve um rompimento e que aceitava. Agiu de uma forma até psicopática, no sentido de ter planejado e não ter se afetado com o crime. E depois se preocupou em tirar os projéteis, limpar o sangue, agiu como quem queria matar e não se responsabilizar pela morte”, disse Pereira.
Já o advogado de defesa, Kleber Assis, avalia que com a primeira audiência será possível ouvir melhor as testemunhas e ter um entendimento mais apurado sobre o caso.
“Vamos ter a oportunidade de ouvir as testemunhas que foram ouvidas na delegacia em juízo e ter a oportunidade de questioná-los. Então, na verdade, hoje é que a defesa vai ter acesso a tudo para que a gente possa se manifestar e assim produzir o que vamos alegar quanto a sessão. Existem várias circunstâncias que devem ser apuradas”, disse o advogado.
O caso Emily
A cabo da PM Emily Karine de Miranda Monteiro foi assassinada no dia 12 de agosto, no com três tiros dentro da quitinete onde morava, na Rua Rio Grande do Norte, no Bairro Pacoval, zona norte de Macapá. A vítima era lotada no Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE).
Principal suspeito do crime, o ex-namorado da PM e também policial, Kássios Mangas, se apresentou à delegacia e confessou o crime. Após depoimento, o militar teve a prisão preventiva decretada e ficou à disposição da Justiça no Centro de Custódia do Iapen, no Bairro Zerão, na zona sul de Macapá.