ANDRÉ SILVA
Moradores do município de Mazagão, a 32 quilômetros de Macapá, estão reclamando que os micro-ônibus que fazem a linha para a capital, não tem validador de cartão de meia passagem. O problema já foi parar no Ministério Público, mas até agora nada foi resolvido.
Ricardo Guilherme, de 42 anos, estuda no Instituto Federal do Amapá (Ifap), no campus de Macapá. Ele disse que acorda bem cedo para pegar o ônibus que vai para Macapá, mas apenas os micro-ônibus estão disponíveis nesse horário.
O problema é que apenas os veículos da empresa Filadelfia, ligada ao Sindicato das Empresas de Transporte do Amapá (Setap) tem validador de cartão. Ele acaba tendo que pagar a passagem no dinheiro.
“Sou estudante e uso a carteirinha de meia passagem porque tenho esse direito. Mas quando eu acho que vou usar meu cartão acabo tendo que pagar. Isso é ruim porque além do micro-ônibus eu pego um outro ônibus pra chegar no instituto”, reclamou o estudante.
Revoltado com a situação, o aluno resolveu gravar vídeos para protestar nas redes sociais. Assista.
Setap x autônomos
Há alguns anos uma cooperativa oferecia o transporte entre as duas cidades, mas os cooperados decidiram rachar e cada um passou a trabalhar por conta própria. Isso precarizou ainda mais o serviço.
O proprietário de dois micro-ônibus que fazem esse itinerário, Reginaldo Baia, acusa o Setap de não facilitar a participação dos proprietários desse tipo de veículos no sindicato. Ele diz que sozinho não tem condições de instalar os validadores nos carros pois, o custo é muito alto.
Eles têm permissão para continuar fazendo o transporte pela Secretaria de Transportes do Amapá (Setrap). Segundo o proprietário, cerca de 17 micro-ônibus fazem essa rota.
“Pra botar um validador desse é muito caro e não quiseram encaixar a gente lá. Eles nunca quiseram deixar a gente entrar lá. Você sabe que lá só tem gente grande. Nos meus carros eu acabo levando muitos alunos fiado. Alguns têm dinheiro para pagar na hora e outros não”, relatou o empresário.
O Setap respondeu às críticas. Segundo a entidade, não se trata de deixar ou não os autônomos participarem do sindicato e sim uma questão de investimento.
O diretor de bilhetagem, Artur Sotão, disse que o sindicato fez um investimento de R$ 8 milhões para a instalação dos validadores em todos os ônibus das empresas que fazem a linha Macapá, Santana e Mazagão e que para fazer parte, os donos dos veículos teriam que fazer o mesmo e eles não querem.
“O Setap teve um custo para construir tudo aqui, então pra entrar tem que pagar tanto, e eles não querem pagar. Eles não são empresa, são autônomos. A bilhetagem não foi de graça”, enfatizou o diretor.
Sotão disse ainda que o MP já realizou duas reuniões entre o sindicato e representantes dos proprietários de micro-ônibus e nada foi resolvido.
Na última, que aconteceu há aproximadamente um mês, o promotor teria deixado claro, segundo Sotão, que iria entrar com uma ação civil pública contra o Estado para solicitar a realização de uma licitação nas linhas de Mazagão para acabar o problema.
Enquanto isso não acontece os usuário do transporte público da cidade continuarão tendo que pagar a passagem nesses veículos, com dinheiro.