A felicidade de voltar aos estudos

Dona de casa Marili Sanches só aprender a ler depois dos 20 anos de idade
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ANDRÉ SILVA

A história da dona de casa Marieli Sousa Sanches, de 28 anos, é um exemplo de que nunca é tarde para estudar: foi apenas depois de 20 anos que aprendeu a ler. Ela morava na cidade Breves, interior do estado Pará, com o pai, a mãe e os irmãos. Foi para a escola ainda criança e chegou a aprender algumas palavras, mas depois que se afastou, logo esqueceu. Muito jovem, formou família e os estudos ficaram para segundo plano.

Feira de Educação e Empreendedorismo 2018. Foto: Ascom/Semed

Passados alguns anos, já em Macapá, a vontade de voltar à escola e terminar o que começou, diz ela, passou a ser um pensamento diário.

“Eu falei pra Deus que, se fosse da vontade dele, tudo ia dar certo pra eu voltar pra escola. Ano passado me mudei com minha família, e, lá perto tem uma escola. Me matriculei e estou estudando desde o início deste ano”, contou, satisfeita.

A maior dificuldade na hora da leitura ainda são as palavras grandes, mas ela reconhece que já foi pior.

Marieli e sua turma produziram iguarias para comercializar na feira. Foto: André Silva/SN

“Só lia um pouquinho. Palavras pequenas. ‘Casa’… nome pequeno. Depois que eu entrei no EJA (Educação de Jovens e Adultos), melhorou muito. Palavras que não conhecia, passei a conhecer, leio frases maiores sem parar”, contou, sorridente.

O EJA, programa administrado pela Secretaria de Educação de Macapá (Semed), atende mais de 1700 alunos em Macapá. Histórias os motivos do abandono dos estudos, como a de Marieli, são as mais variadas possíveis. É o que relata a professora do EJA, Marinete Carvalho.

Professora do EJA, Marinete Carvalho. Foto: André Silva/SN

“Algumas das minhas alunas contam que os filhos e a família foram prioridade na vida delas, por isso abandonaram os estudos. Agora, com os filhos casados e grandes, elas dizem que vão cuidar delas”, revelou a professora.

O Eja é uma modalidade de ensino que abrange todos os níveis da Educação básica. Ela é voltada para jovens e adultos que não puderam dar continuidade ao ensino fundamental e médio.

Feira de empreendedorismo

O programa organizou, neste sábado, 1º, a Feira de Educação e Empreendedorismo 2018, uma parceria com o Sebrae, local onde ocorreu o evento, no bairro Laguinho, em Macapá. A feira apresentou trabalhos produzidos por alunos do EJA. São peças de artesanato, pintura e iguarias, como os bolos de pote, comercializados pela turma de Marieli.

A feira apresentou trabalhos produzidos por alunos do EJA: peças de artesanato, pintura e iguarias

“Esse é resultado de um projeto que acontece na escola desde o início do ano e desde o início do curso. Hoje aqui eles colocam em pratica o que vem aprendendo desde as primeiras fazes do ensino fundamental”, explicou o chefe da divisão de educação de jovens e adultos, Miguel Arcanjo.

A Feira de Educação e Empreendedorismo segue até as 22h deste sábado, no estacionamento do Sebrae.

Foto de capa: André Silva/SN

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